Questão:
queria sabe tudo sobre a Espanha?
Leninha
2007-04-26 04:39:31 UTC
queria sabe tudo sobre a Espanha?
Trzy respostas:
2007-04-26 05:55:48 UTC
resposta

resumo sobre a Espanha=A Espanha (em castelhano Image:loudspeaker.pngEspaña) é um estado da Europa localizado na Península Ibérica. Faz fronteira a norte com o Mar Cantábrico, com França e Andorra, a leste e a sul com o Mar Mediterrâneo, a sul com o território britânico de Gibraltar a oeste com Portugal e a sul e oeste com o Oceano Atlântico. Além da porção ibérica, a Espanha possui também os arquipélagos das Baleares no Mediterrâneo e das Canárias no Atlântico e as cidades de Ceuta e Melilla (além de várias ilhotas e rochedos junto à costa africana), e o enclave de Llívia, rodeado por França.



O país está dividido em comunidades autónomas. Algumas destas comunidades, como a Andaluzia, Galiza (Galicia ou Galiza), o País Basco (País Vasco ou Euskadi) e a Catalunha (Catalunya em catalão e Cataluña em castelhano), têm identidade nacional e línguas próprias.



Desde a sua adesão à União Europeia em 1986, a Espanha tornou-se um país altamente industrializado e uma das 10 maiores economias mundiais.

Não há consenso sobre quando surgiu efetivamente uma unidade administrativa precursora da actual Espanha. O nome de Espanha, evolução da designação do Império Romano Hispania era, até ao séc. XVII, apenas descritiva de Península Ibérica, não se referindo a um país ou estado específico, mas sim ao conjunto de todo o território ibérico e dos países que nele se incluíam. O termo começa talvez a ser utilizado como significando um estado específico depois da união pessoal, sob o Rei Filipe, de Portugal e dos restantes reinos ibéricos, dos quais já era soberano. A partir de 1640, com a restauração da independência de Portugal, a designação Reino de Espanha manteve-se, apesar do estado com esse nome já não englobar toda a Península.



A abordagem da História de (ou da) Espanha mais comum é descrever em seus tópicos iniciais a história da Península Ibérica até os períodos anteriores à conquista da América.

Pré-História=Há fortes indícios de ocupação humana pre-histórica da península desde um passado remoto. Em 1848 foi encontrado numa caverna do actual território britânico de Gibraltar um crânio de um homem de Neanderthal de aproximadamente 60.000 anos. No atual território espanhol também existem pinturas rupestres na caverna de Altamira, com cerca de 15.000 anos. De entre os achados da era dos metais está o dólmen de Menga e o dólmen de Viera. Por outro lado no atual território português, há 20 000 anos o homem gravou milhares de desenhos representando cavalos e bovídeos nas rochas xistosas do vale do Côa, afluente do rio Douro, situado na região nordeste de Portugal.



[editar] Hispânia pré-romana



O território que atualmente compõem a Espanha e Portugal era composto de diversos povos, como os celtas e os iberos. A Península Ibérica também foi habitada por colonos gregos e fenícios. Contudo, nenhum dos povos da Península compôs um governo único. Considera-se o ano de 19 a.C. como a data em que os romanos tinham conquistado praticamente toda a Península Ibérica e anexado o território aos domínios do Império Romano. .

Hispânia foi o nome dado pelos antigos romanos a toda a Península Ibérica (Portugal, Espanha, Andorra e Gibraltar) e às duas províncias criadas posteriormente durante a República Romana: Hispânia Citerior e Hispânia Ulterior. Durante o Principado, a Hispânia Ulterior foi dividida em duas novas províncias: a Bética e a Lusitânia, enquanto a Hispânia Citerior foi rebaptizada para Tarraconense. Mais tarde, a parte ocidental da Tarraconense foi desanexada, inicialmente como Hispânia Nova, e mais tarde rebaptizada para Callaecia (ou Galécia, correspondente à actual Galiza, Norte de Portugal e Astúrias e parte de Leão). Durante a tetrarquia de Diocleciano (284 d.C.), o sul da Tarraconense foi desanexado para constituir a província Cartaginense. O conjunto de todas as províncias hispânicas formavam uma única diocese civil, sob a direcção do vigário de Hispaniae, cujas competências se estendiam também à Mauretânia Tingitana (ao redor de Tânger) que, portanto, eram oficialmente consideradas 'hispânicas'.



A ocupação romana teve início a 218 a.C. com o desembarque dos Romanos em Ampúrias e terminou em meados do século V d.C., altura em que toda a península assistiu à invasão dos Suevos, Alanos e Vândalos e, mais tarde, dos Visigodos. Ao longo de todo este período, tanto os povos como a organização política do território sofreram profundas e irreversíveis mudanças, e a Hispânia converteu-se numa parte fundamental do Império Romano, proporcionando-lhe um enorme caudal de recursos materiais e humanos, ao mesmo tempo que foi uma das regiões mais estáveis do Império.

Nativos ibéricos=Cerca de 10 000 a.C. a Península Ibérica era habitada por povos autóctones que vieram a ser conhecidos como Iberos. Entre eles estão os Tartessos.



Quatro mil anos depois, a região passou a ser habitada por um povo indo-europeu, os Celtas que coexistiram pacificamente com as tribos Iberas até ao ponto de se fundirem, dando origem aos Celtiberos que se subdividiram em vários povos, como os Lusitanos, os Calaicos ou Gallaeci e os Cónios, entre outras menos significativas, tais como os Brácaros, Célticos, Coelernos, Equesos, Gróvios, Interamicos, Leunos, Luancos, Límicos, Narbasos, Nemetanos, Gigurri, Pésures, Quaquernos, Seurbos, Tamagani, Taporos, Zoelas, Turodos. Influências menores foram os Gregos e os Fenícios-Cartagineses (com pequenas feitorias comerciais costeiras semi-permanentes).



Rufio Avieno no seu poema Ode Marítima (século IV d.C.) relata as aventuras de um navegador grego nos finais do século VI a.C., que descreve a existência de várias etnias iberas na costa meridional atlântica que já praticavam a cultura megalítica e seriam, provavelmente, os responsáveis pelo comércio com o atlântico norte — os Estrímnios e os Cinetes (ou Cónios). A junção das tribos iberas e celtas iria ensinar aos primeiros a cultura agrária, que se juntava à vocação marítima dos nativos. São estes invasores, os celtas, os responsáveis pelos sufixos dunuum e briga em nomes de cidades, como Conímbriga (que viria a dar o nome à cidade de Coimbra), ou Miróbriga (Santiago do Cacém), Caetóbriga (Setúbal) e Lacóbriga (Lagos).

Além dos povos autóctones, já entre os séculos VIII e VII a.C. os Fenícios (e, posteriormente, os Cartagineses) se haviam fixado na zona oriental, a sul do rio Ebro. Instalaram-se na faixa costeira mediterrânica, estabelecendo grandes entrepostos comerciais que, além de lhes servir para canalizar para o comércio mediterrânico os minerais e outros recursos abundantes na península, introduziram também na região alguns dos produtos elaborados no outro extremo mediterrânico.



Como potência comercial, Cartago ampliava os seus interesses até à ilha da Sicília e ao sul da península Itálica, o que depressa resultou num conflito de interesses entre esta e o incipiente poder que surgia em Roma, confrontando as duas potências nas célebres Guerras Púnicas. À primeira, que culminou senão num instável armistício, depressa se seguiu a segunda, que terminaria doze anos depois com o domínio efectivo de Roma sobre as regiões cartaginesas no sudeste da península.



[editar] A Iberia cartaginesa



Depois da Primeira Guerra Púnica, os descendentes de Amílcar Barca iniciaram a submissão efectiva da península, que se estendeu a uma grande parte, sobretudo no sul e na costa oriental. O feito foi conseguido mediante tributos, alianças, matrimónios ou, simplesmente, usando a força. A península iria proporcionar a Cartago um importante abastecimento de tropas, quer mercenárias quer aliadas, bem como de recursos minerais, com que poderia enfrentar Roma e reafirmar o seu domínio no Norte de África.



Entretanto, o conflito pela hegemonia de Sagunto, cidade costeira helenizada e aliada de Roma, dava início à Segunda Guerra Púnica. Como reacção à pressão do conflito, foram assassinados os partidários de Cartago e, em resposta, Aníbal cercou a cidade (218 a.C.) — que apesar de solicitar a ajuda de Roma nunca a chegou a receber —, apoderando-se dela, embora sem se livrar de uma dura e sangrenta luta, durante a qual foi ferido. Muitos dos habitantes prefiriram suicidar-se a submeter-se à escravidão que os esperava nas mãos de Cartago.



Com a região dominada, Aníbal conduziu os exércitos em direcção à península Itálica. Roma, assistindo às vitoriosas movimentações cartaginesas, responde cortando os suprimentos a Aníbal, atacando a península Ibérica.

Conquista=Iniciada no século III a.C. como uma invasão estratégica para cortar as linhas de abastecimento Cartaginesas que sustentavam a invasão da península Itálica durante a Segunda Guerra Púnica, depressa passou a assumir a forma de uma invasão de conquista que, em cerca de doze anos, expulsava totalmente as forças cartaginesas da península Ibérica. No entanto, foram necessários quase dois séculos para dominar a totalidade da região, devido, sobretudo, à forte resistências dos povos do interior (Celtiberos, Lusitanos, Cantabros, etc.).

A guerra contra Cartago=A SEGUNDA GUERRA PÚNICA



Não é exagero algum dizer que a Segunda Guerra Púnica é talvez o acontecimento mais importante da Antigüidade ocidental, pois é através da vitória neste conflito que Roma começa sua grande expansão. Ao final da guerra, os vitoriosos romanos tomam o controle do Mediterrâneo ocidental, anexam a Península Ibérica, começam a completar a subjugação da própria Itália, firmam alianças no norte da África e começam sua expansão em direção ao Oriente, para a Ilíria, para a Grécia e para a Anatólia. Foi um conflito demorado, que envolveu toda a bacia oeste do Mediterrâneo, estendendo-se da Península Ibérica até a Itália e desde o sul da Gália até o norte da África. Igualmente importante, foi à destruição do poderio cartaginês, decisivo para a equação de poder no ocidente há vários séculos, assim como as mudanças que muito contribuíram para a definitiva consolidação da forma do exército romano, que passa por importantes transformações no período.



[editar] ANTECEDENTES



A Segunda Guerra Púnica (De Poeni, em Latim, “Fenício” e também “Pirata”), começa em conseqüência da Primeira Guerra Púnica. Ambas as nações saem desta primeira guerra bastante prejudicadas pelos esforços e perdas despendidos no período, inclusive com as respectivas economias muito debilitadas. Mas a vitória dá a Roma diversas vantagens. O tratado firmado entre as duas nações era consideravelmente mais brando do que o que seria imaginável após a vitória romana, mas na verdade os vitoriosos não teriam como impor um acordo mais forte, dada a situação a que o esforço de guerra reduzira a própria Roma. Assim, em decorrência do tratado de paz, Roma recebe a Sicília, enquanto Cartago fica com a Sardenha e a Córsega. Na verdade, porém, aproveitando-se da paz ao sul, Roma aproveitará para expandir-se para o norte, após derrotar uma invasão gaulesa em 225 a.C., em Telamon, subseqüentemente conquistando a Gália Cisalpina, até o sopé dos Alpes, além de limpar o Adriático dos piratas e anexar parte da costa da Ilíria – trampolins naturais para os Bálcãs, a Macedônia e a Grécia. Ao mesmo tempo, como conseqüência desta vitória, Roma, antes uma potência terrestre, passa a contar com uma marinha poderosa, além de consolidar definitivamente seu domínio sobre o sul da península italiana. Entrementes, a derrota provoca uma convulsão militar e política em Cartago (Cart-Hadash, “A Cidade Nova”), com a revolta dos mercenários, que se rebelaram pelo não recebimento do soldo após terem sido retirados da Sicília e trazidos para o norte da África assim como pela perspectiva de tomarem o poder na cidade, acompanhada de uma guerra de libertação das populações submetidas, notadamente da Líbia, envolvendo berberes, alguns númidas e mesmo certas cidades fenícias. Aproveitando-se desta instabilidade, Roma também ocupa a Sardenha e a Córsega e quando o general Amílcar Barca (Amílcar = “Aquele que o deus Melcarte protege”, Barca = “raio”) consegue debelar a revolta em uma guerra extremamente brutal de lado a lado, inclusive estendendo o território cartaginês para dentro da Numídia, os romanos haviam se aproveitado e ocupado ambas as ilhas. Os cartagineses protestaram, mas Roma, aproveitando a fragilidade destes, lhes declara guerra, que só conseguem evitar com o pagamento de uma enorme quantia e a entrega definitiva da Córsega e da Sardenha, possessões cartaginesas muito importantes pelos suprimentos de grãos e metais. Buscando recuperar sua força anterior, Cartago passa a controlar a Numídia e a Argélia. Ao mesmo tempo, passam a investir cada vez mais no controle da Península Ibérica, onde de há muito possuíam interesses, tarefa que foi confiada ao mesmo general Amílcar Barca. E, desta forma, um exército africano invade a península sob seu comando, em 237 a.C. Realmente, o interesse de Cartago na Península Ibérica era plenamente justificado, devido as suas grandes reservas de metais, além da oportunidade que as tribos locais davam para a incorporação de celtiberos nos próprios exércitos cartagineses.



[editar] AMILCAR BARCA



Este era o mesmo comandante cartaginês que se destacara lutando na Sicília na Primeira Guerra Púnica. Pertencente a uma das mais respeitadas famílias de Cartago, que desenvolvia um processo de restauração da monarquia em proveito próprio, fora o principal responsável pela derrota da revolta dos mercenários. Paulatinamente, nos dezessete anos seguintes, os cartagineses que ele comandava impuseram seu domínio sobre o sul e o leste da península, até que Amílcar, em 229 a.C., morreu em confronto com uma tribo local. O sucedeu no comando seu cunhado Asdrúbal (“Asdrúbal = O ajudado de Baal”), que além de pacificar as tribos ibéricas, escolheu como capital do novo domínio um velho povoado fenício que rebatiza de Nova Cartago (Cartagena), um dos melhores ancoradouros do Mar Mediterrâneo. Porém, Asdrúbal é assassinado em 221 a.C. e, para substituí-lo, o exército escolhe o filho mais velho de Amílcar, que acompanhara o pai na invasão com a idade de nove anos e que na ocasião contava apenas 26 anos de idade, chamado de Aníbal Barca.



[editar] INÍCIO DA GUERRA



Aníbal Barca (Aníbal = “A graça de Baal”), assumiu o comando do exército com vinte e seis anos, decidido a completar a sujeição da Península Ibérica e dar continuidade ao plano cartaginês de ir à forra contra Roma. Mas o governo de Cartago recusa-se a declarar guerra. Na verdade, Roma temia a eventualidade de uma aliança entre cartagineses e gauleses que a ameaçasse. Mas tentou agir primordialmente por meios diplomáticos, firmando em uma aliança com a colônia grega de Sagunto, na Península Ibérica, com a qual já possuía laços anteriores e que poderia ser muito útil em caso de uma guerra com Cartago na região. Antes mesmo disto, porém, Asdrúbal firmara um tratado com Roma em 226 a.C., pelo qual os romanos reconheciam o direito dos cartagineses se estenderem até o rio Ebro, que divide a Península Ibérica ao meio e que representava o limite da expansão cartaginesa aceitável pelos romanos. Na realidade, aparentemente a intenção de Aníbal consistia em justamente unir as tribos celtas na luta contra Roma e, posteriormente, afastar esta de seus aliados italianos, portanto dentro da evolução que os romanos temiam. Talvez resolvido a provocar o conflito, Aníbal atacou e sitiou Sagunto. Embora esta cidade estivesse 120 KM ao sul do Ebro e, portanto, no território permitido para a ocupação cartaginesa. Durante o cerco, o Senado Romano requereu que Aníbal desistisse da operação de guerra. Mas este se recusou a suspender o ataque. Em resposta, outra missão do Senado dirigiu-se desta vez a Cartago, com um ultimato para que Aníbal fosse entregue para julgamento em Roma. Quando o Conselho dos Cem, órgão superior do estado Cartaginês recusou-se a entregar o comandante, Roma declarou guerra, em março de 218 a.C..

DA PENÍNSULA IBÉRICA ATÉ O LAGO TRASIMENO



Aníbal, porém, foi quem tomou a iniciativa, ao invés de esperar as invasões romanas da Península Ibérica e da própria África, decidindo invadir a Itália. Mas, ao invés de partir por mar, seguiu em abril de 218 a.C. com seu exército pelo sul da Gália, visando transpor os Alpes e atacar Roma pelo vale do Pó. Para detê-lo, Roma enviou o cônsul Públio Cipião, que buscou bloquear o avanço de Aníbal no rio Ródano. Mas o comandante cartaginês tomara outra rota, diferente da esperada, atravessando o rio mais acima, utilizando balsas para passar os elefantes, e infletindo para o norte, tomando a rota que conduzia ao vale do Isere, objetivo bem mais complicado e distante que a rota pela Riviera, mas também muito mais difícil de ser defendido pelos romanos.

Percebendo a estratégia de Aníbal, Cipião retornou a Itália por mar, com parte de suas forças, enquanto os cartagineses alcançavam o sopé da cadeia dos Alpes. Esta rota, na verdade, não era novidade alguma, sendo o caminho habitual pelo qual os gauleses haviam invadido no passado a Itália, sendo que a razão de Aníbal optar por ele foi justamente tentar o apoio destas tribos na guerra contra Roma. Todavia, não conseguiu nenhum apoio na Gália Transalpina, pelo contrário enfrentando grande oposição das tribos que controlavam os paços na cadeia de montanhas. Assim, os cartagineses tiveram lutar para alcançarem os cumes das montanhas, que lhes permitiam controlar o terreno. A jornada revela-se extremamente árdua, custando muitos homens para Aníbal. E embora números na Antigüidade sejam altamente inexatos, calcula-se que Aníbal partira de sua base com mais de 45 mil homens, mantendo 38 mil infantes e 8 mil cavaleiros ao cruzar o Ródano, dos quais apenas cerca de 20 mil infantes e 6 mil cavaleiros chegaram à Gália Cisalpina. Mas finalmente, em setembro de 218 a.C., seu exército conseguiu atravessar para a Itália, apenas para ver os elefantes caírem doentes e morrerem no vale do Pó. Em compensação, a estratégia de Aníbal pegara os romanos despreparados, pois sua crença era de que os Alpes, verdadeira muralha, esmagariam o ânimo e a resistência de seus inimigos.

A primeira oposição que enfrentaram foi a de Cipião, na Lombardia. Lá, porém, Aníbal dispõe magistralmente de sua cavalaria e derrota duas vezes os romanos. Logo na primeira batalha, em outubro de 218 a.C., o comandante romano Publio Cipião é vencido pela cavalaria númida em Ticino e, dois meses depois, em dezembro de 218 a.C., Semprônio Longo é igualmente derrotado com uma armadilha feita pela cavalaria. Ato contínuo, Aníbal destrói as duas colônias romanas na Gália Cisalpina, Cremona e Placência e, graças a estas vitórias e a lutarem em províncias recém conquistadas que viam Roma como uma invasora e conquistadora, chegam vários recrutas e muitos suprimentos para o exército cartaginês. Ali, no norte da Itália, Aníbal passa o inverno. Antecipando-se aos movimentos dele e tencionando deter a invasão já claramente perigosa, Roma enviou dois exércitos ao norte, bloqueando a progressão de Aníbal pelas duas rotas possíveis: uma, no Adriático, que era Ariminum (Rimini) e outra na Etrúria, em Arretium (Arezzo). Tendo de escolher por um dos dois caminhos, Aníbal escolheu o de Arretium, pela Etrúria, em direção às tropas do cônsul Caio Flamínio. Para esta investida, os cartagineses buscaram surpreender os romanos, optando por avançar através de pântanos, que atravessam com grandes custos ao longo de quatro dias e três noites, sofrendo grandes perdas em homens e animais. Mas todo seu sacrifício é compensado quando chegam a Arretium e encontraram os romanos ainda acampados, sem esperarem o ataque. Todavia, ao invés de avançar diretamente contra os romanos, Aníbal ultrapassou o acampamento de Flamínio e caiu sobre o distrito de Arretium. Vendo a destruição da região, o cônsul Flamínio levantou acampamento e saiu em sua perseguição. Com isto estava caindo em uma bem planejada armadilha, pois dando perseguição a Aníbal ao longo da estrada para Roma, seguiu atrás dele pelas margens montanhosas do Lago Trasimeno, onde no enevoado dia seguinte atacou o exército cartaginês, que recuou. Acreditando na vitória iminente, Caio Flamínio pôs-se novamente em perseguição, apenas para ver tropas cartaginesas emergirem das elevações cheias de bosques em volta e atacarem suas legiões por todos os lados. Completamente superado, o exército romano é destruído. Neste momento, nada mais existia entre o exército cartaginês e a própria Roma. Mas Aníbal, inexplicavelmente, não marcha direto contra Roma. A razão disto é desconhecida, mas a falta de máquinas de assédio é sempre apontada como um fator importante. Outra hipótese é que dada à impossibilidade de conquistar a cidade inimiga, Aníbal já tencionasse separar Roma de seus aliados, para o que sua estratégia seria rumar para o sul da Península Itálica, obter apoio entre outros dos sanmitas e ficar bem posicionado para receber suprimentos e reforços de Cartago. Tomou a rota atravessando a Etrúria, cruzando os Apeninos em direção ao Adriático e parando para repousar as tropas, período em que adquiriu uma doença oftálmica que lhe custou um dos olhos. Ao mesmo tempo, Aníbal procurou formar uma aliança com diversas cidades italianas, congregando-as na derrota de Roma, sua conquistadora no passado recente. Todavia, esta plana falha, com as cidades da Itália permanecendo fiéis a Roma. Dois motivos apontados para este comportamento são os fatos de Aníbal, com falta de suprimentos, ter permitido o saque em seus territórios e também a política romana em relação aos territórios conquistados, permitindo que estes mantivessem vários direitos. Ao mesmo tempo, apesar das recentes derrotas, Roma abre um novo teatro de operações, iniciando hostilidades na própria base de Aníbal, a Península Ibérica, onde enfrentam o irmão mais novo de Aníbal, Asdrúbal Barca.A ESTRATÉGIA FABIANA



Enquanto Aníbal prosseguia com sua estratégia política, os romanos decidiram não mais enfrentá-lo em campo aberto. Ao invés, seu ditador nomeado na época, chamado Quinto Fábio Máximo, eleito em 217 a.C., optou por uma prolongada guerra de atrito, visando enfraquecer paulatinamente Aníbal. Fábio, que ganhou o apelido de cunctator (Contemporizador), tentou desgastar Aníbal com incontáveis recontros, provocando danos à moral do exército cartaginês e impedindo que este se reabastecesse de soldados. Também buscava, com esta estratégia de desgaste moral e material, evitar que cidades italianas se unissem aos invasores. Para implementar tal estratégia, Fabio se recusou a enfrentar os cartagineses em campo aberto, onde a cavalaria númida dava a estes uma imensa vantagem, mantendo as tropas romanas nas montanhas, onde tal vantagem era anulada. Assim, abalou o moral do exército invasor ao mesmo tempo em que fortaleceu o do próprio, assim como o de seus aliados. Porém, a estratégia de Fabio não era popular entre todos os romanos. Muitos desejavam um grande confronto, que definitivamente eliminasse a ameaça de Aníbal. Assim, os políticos romanos tomaram uma atitude absolutamente inédita, fora mesmo da constituição da República, ao elegerem um vice-ditador, chamado Minúcio, ex-auxiliar de Fábio, mas agora comprometido com um ataque direto aos cartagineses.Partindo imediatamente para o ataque, Minúcio prontamente caiu em uma armadilha de Aníbal, apenas escapando de ser destruído graças à intervenção do próprio Fábio. Infelizmente, o mandato de Quinto Fabio como ditador era do tipo ad tempus certum e, ao findar seu período, além deste não ser prorrogado, nas eleições subseqüentes, em 216 a.C., foi eleito um cônsul, Varro, profundamente comprometido com um ataque direto contra Aníbal. Mais ainda, considerando a devastação sofrida pela Itália inaceitável, o Senado ordenou que se atacassem logo os cartagineses. Para tanto, Roma levou a campo o maior exército de que até então disporá, no impressionante total de oito legiões, o que significava aproximadamente 86 mil homens. O outro cônsul, Paulo Emílio, acreditava que a batalha deveria ser travada quando as condições fossem favoráveis ao exército romano. Todavia Varro rejeitava esta concepção, acreditando em simplesmente encontrar Aníbal o mais rapidamente possível, dar-lhe combate e destruí-lo. Com este intuito levou suas tropas para o sul, até a Calábria, num local chamado Canas, onde Aníbal conquistara um depósito de provisões situado em um local estratégico do qual os romanos necessitavam. Para a compreensão da seqüência de fatos que levaria este exército ao desastre, é preciso compreender uma peculiaridade da constituição romana: dois cônsules eram eleitos, tendo entre suas atribuições comandarem o exército. Quando um cônsul sozinho dirigia uma campanha, cabia-lhe o comando supremo das tropas, mas quando os dois acompanhavam o mesmo exército, cada um deles comandava em um dia, sendo substituído pelo outro no dia seguinte e assim conseqüentemente. Desta forma, Paulo Emilio, acreditando que deveriam aproveitar uma ocasião mais favorável, conduziu as tropas com grande moderação, esperando mesmo que a escassez de suprimentos forçasse Aníbal a abandonar a posição que defendia, possibilitando aos romanos ocupá-la. Mas Varro forçou o combate, aproveitando-se do dia em que o comando alternado lhe cabia para colocar as tropas em formação de batalha, fora do acampamento e frente a frente com o exército cartaginês. Desta forma, Varro fez exatamente aquilo que Aníbal desejava, oferecendo a este a ocasião de provocar uma grande derrota aos romanos, o que lhe fora negada pela estratégia de Fábio.



[editar] CANAS



Aníbal estudara os métodos militares romanos e, portanto, sabia que os inimigos avançariam contra o centro de suas forças. Aparentemente, a disposição de ambas as forças era convencional, com a infantaria formando linhas no centro e com os flancos cobertos pela cavalaria. Todavia, Aníbal dispõe seu exército não em linha reta, mas sim numa fila convexa. Mais ainda, na vanguarda coloca seus soldados mais fracos, gauleses e celtiberos, enquanto nas extremidades colocou recuadas suas melhores tropas, de veteranos africanos. Cobrindo os flancos de seu dispositivo, pôs a soberba cavalaria númida. Logo os romanos atacaram, exatamente da forma esperada, avançando contra o centro e contra os gauleses, que como Aníbal previra cederam e logo formaram uma concavidade na linha cartaginesa, para a qual convergiu a infantaria inimiga. De repente, os cartagineses avançaram e fecharam a formação adversária pelos lados, flanqueando os romanos, ao mesmo tempo em que sua cavalaria circundou e atacou os romanos pela retaguarda. As legiões foram completamente cercadas, em tal amassamento dentro da formação cartaginesa que sequer puderam sacar suas espadas. O que deveria ser o combate decisivo contra Aníbal tornou-se uma carnificina, na qual o próprio exército de Roma foi massacrado. Os historiadores divergem sobre o número de perdas, mas concordam em que pereceu a fina-flor do exército de Roma, além de sua maior parte, numa derrota total e completa, muito pior que a do Lago Trasimeno. Ironicamente, entre os mortos está o cônsul Paulo Emílio, enquanto seu colega e principal responsável pelo desastre, o cônsul Varro, volta a Roma sem sequer ter sido aprisionado. A notícia da derrota espalhou do pânico em Roma. As mulheres doaram suas jóias ao estado e limparam o chão dos templos com seus cabelos, as legiões recusaram-se a receber o soldo, crianças de 13 e 14 anos foram alistadas para servirem na defesa das muralhas, além de escravos terem sido aceitos nas legiões mediante a promessa de liberdade e o Senado, visando o favor dos deuses, mandou sacrificar-lhes quatro prisioneiros enterrando-os vivos. Inexplicavelmente, porém, Aníbal não marchou contra Roma, o que a história jamais compreendera perfeitamente. Sem dúvida lhe faltavam máquinas de assédio, o que é uma das explicações aventadas. Porém, geralmente especula-se que Aníbal, após a monumental derrota romana, imaginava que as cidades italianas aderissem finalmente à sua causa, assim como esperava atrair a aliança de diversas outras nações, ao invés de ter de invadir o Lácio e sitiar uma por uma das cidades latinas até a própria Roma. De fato, tão grande foi à derrota de Roma que as tribos dos sanmitas e outros se rebelaram e passaram a apoiar Aníbal, ao mesmo tempo em que as cidades da Magna Grécia e da Campagna, lideradas por Cápua, a segunda maior da Itália, fizeram a mesma coisa e abriram suas portas aos cartagineses. Ao mesmo tempo, o rei Filipe V, da Macedônia, aderiu à causa cartaginesa, em 215 a.C., e declarou guerra aos romanos, além da própria Cartago, sempre avara em suprimentos e homens para Aníbal, lhe enviar reforços. Mais importante ainda, os soberanos de Siracusa que substituíram a Hierão mudaram de lado e abraçaram a aliança com Cartago. E a Sicília era vital para Roma por causa do fornecimento de cereais. Mas as esperanças de Aníbal se interrompem neste ponto, pois as cidades do centro da Itália, notadamente da Etrúria, do Lácio e da Úmbria, permanecem fiéis a Roma, que por sua vez entregou suas tropas restantes ao cônsul Cláudio Marcelo e voltou, na medida do possível, a estratégia de desgaste e guerrilha pensada por Quinto Fábio Máximo. Assim, se explica este momento da guerra por Aníbal não possuir força suficiente para tomar Roma ou invadir o Lácio e por talvez nem a própria Cartago as possuir se realizasse um esforço definitivo. Desta forma, Aníbal permaneceu no Sul da Península Itálica, aguardando reforços da África, da Península Ibérica ou da Macedônia, sem avançar diretamente contra Roma.A ESTAGNAÇÃO NA ITÁLIA E O DESENROLAR DA GUERRA EM OUTROS TEATROS DE OPERAÇÕES



Este período da Segunda Guerra Púnica foi caracterizado pela falta de ação no teatro principal da guerra e, ao mesmo tempo, por diversos conflitos em outras regiões. Na Itália, os cartagineses se instalaram em Cápua e ocuparam o sul da Península Itálica, estabelecendo-se uma frente de batalha mais ou menos na altura do rio Volturno, 174 quilômetros ao sul de Roma. Atacar Aníbal diretamente neste reduto mostrou-se impossível e nos cinco anos seguintes mais de um comandante Romano que tentou tal coisa e foi derrotado serviu de prova. Entrementes, na Sicília, o cônsul Marcelo atacou e conseguiu tomar Siracusa em 212 a.C., após um longo e terrível sítio, no qual a cidade foi defendida pelo matemático e engenheiro Arquimedes, o que fez os romanos terem de enfrentar as mais recentes inovações da ciência grega. Esta vitória se completou pela conquista, pouco depois, também da cidadela cartaginesa de Agrigento, logrando a retomada da ilha e assegurando o fornecimento de cereais a Roma, além de dificultar as comunicações entre Aníbal e Cartago. Uma importante manobra ocorreu quando os romanos se aproveitaram da ausência de Aníbal e seu exército para atacarem e assediarem Cápua, um ano após a tomada de Siracusa. As legiões lograram invadir a cidade, o que levou os líderes da rebelião anti-Roma, responsáveis pelo massacre dos romanos ao decidirem pela aliança com Cartago, a cometerem suicídio ou serem executados pelos vencedores, enquanto a população da cidade sofria uma diáspora pelos restantes domínios de Roma. Ao mesmo tempo, os romanos iniciaram uma série de operações contra Filipe V, enviando uma grande frota para vigiarem o Adriático, que impediu aos macedônios a conquista da cidade de Apolônia, trampolim para a invasão da Península Itálica. Iniciaram também uma ofensiva diplomática junto aos estados gregos, tentando congregá-los contra a Macedônia. Assim, quando Filipe V, após diversas vitórias na Ilíria, conseguiu tomar o excelente porto de Lisso, ao mesmo tempo em que Aníbal tomava o porto de Tarento, tornando viável a ambicionada invasão, uma poderosa coalizão grega comandada pelos etólios, aos quais Roma prometera dinheiro e apoio militar, impediu que os macedônios juntassem suas forças com as de Aníbal. Roma também redobrou seus esforços na Espanha, onde já começara operações antes mesmo da derrota de Canas, para onde enviou um novo exército sob comando de dois membros da família Cipião, um dos quais o Públio Cipião que antes já fora derrotado por Aníbal. Esta força conseguiu vencer os cartagineses no rio Ebro, em 215 a.C., derrotando Asdrúbal, mas pouco depois foi por este derrotada, com a morte de seus dois comandantes. Assim, Cartago mantinha, apesar da presença de uma pequena força romana, o controle da essencial Península Ibérica, base de seus exércitos. Mas neste ponto Aníbal estava praticamente isolado no sul da Península Itálica, sem conseguir assediar Roma e privado de reforços. Percebendo a mudança nos ventos da guerra, Filipe V voltou atrás na aliança com Cartago e passou a apoiar Roma, privando Aníbal de seu mais forte aliado. Tentando reverter definitivamente o curso dos acontecimentos na Península Ibérica, o Senado Romano nomeou um candidato improvável para comandante. Tratava-se de Públio Cornélio Cipião, filho do cônsul Cipião e sobrinho do outro comandante que também morrera na campanha contra Asdrúbal. Tinha apenas 24 anos, idade abaixo da legal para comandar exércitos, mas inspirava tal confiança no povo e no Senado que a lei foi alterada para permitir que ele assumisse o controle das legiões em confronto com Asdrúbal. Em 210 A.C, ele correu para assumir o comando, com ordens de defender a única possessão romana na região, um enclave no Nordeste da península.



[editar] PÚBLIO CORNÉLIO CIPIÃO



Naquela época, era conhecido como Públio Cornélio Cipião, O Moço, e, apesar de sua pouca idade, já dera mostras de grande capacidade política, além de ser considerado carismático e devoto, apresentando-se publicamente como ungido pelos deuses. Além disso, Roma havia copiado a tática usada por Aníbal na guerra. Tradicionalmente, o exército romano era comporto de três ordens de infantaria: os Trinários, soldados mais experientes armados com escudos e lanças, os Príncipes, soldados também experientes, armados com dardos e escudos e os Hastários, soldados inexperientes, armados também com dardos e escudos Todas estas tropas sendo apoiadas pelos Velites, soldados de infantaria leve, muitos dos quais portavam fundas. Agora, o exército romano os dispunha em fileiras, de modo que não mais comporiam uma frente inflexível. Ao invés, atacariam em ondas e se o ataque de um dos grupos falhasse, eles retornariam através dos espaços abertos pelas fileiras anteriores, que lançariam um novo ataque. Se este também falhasse, retornariam para trás da última linha, formada pelos Trinários, que de lança em punho cobririam uma retirada geral. Com o tempo, o ditado “Situação para Trinários” se incorporaria ao falar romano significando uma situação difícil. Assumindo o comando do exército ibérico, Cipião alterou sua missão, eminentemente defensiva, para uma tentativa de efetivamente derrotar Asdrúbal e expulsar os cartagineses. Utilizando a diplomacia e da ação militar, com uma tática superior e rápidos deslocamentos, primeiro cortou as comunicações entre Nova Cartago e o restante das tropas, depois a isolou das forças aliadas e, vadeando um lago e atacando as muralhas da cidade, conquistou a principal base cartaginesa. Com isto, acertou um golpe importantíssimo nas pretensões cartaginesas, pois a Península Ibérica era a verdadeira base de Aníbal, sede de seus exércitos e celeiro de recrutas. Vendo a situação perdida, Asdrúbal atendeu ao chamado anterior de seu irmão e tentou alcançar a Itália, também pela rota dos Alpes. Mas Roma tomou conhecimento de seu deslocamento. Desta forma, o cônsul Nero, que tinha suas forças frente às de Aníbal, imperceptivelmente as retirou desta frente sul e as levou para o norte sem que o general cartaginês percebesse, onde encontrou o exército de Asdrúbal. Em Signália, junto ao rio Metauro, ao norte da Itália, Nero não só destruiu o exército inimigo como também conseguiu matar Asdrúbal, em 207 a.C. Em 205 a.C., Públio Cornélio Cipião retornou a Roma e, eleito cônsul, propôs-se a realizar um plano ousado: invadir diretamente o norte da África e atacar Cartago em seu próprio território. A reação do Senado e principalmente de Quinto Fábio Máximo foi absolutamente negativa. Mesmo assim, Cipião conseguiu permissão para a empreitada, embora lhe fosse negada autorização para recrutar tropas. Conseguiu apenas voluntários e duas legiões que, derrotadas anteriormente em Canas, haviam sido mandadas em desgraça para a Sicília. Com esta força na primavera de 204 a.C., ele partiu para invadir o coração do inimigo, na esperança de que Aníbal o seguisse.



[editar] A GUERRA CHEGA À ÁFRICA



Na época da Segunda Guerra Púnica, o norte da África, era bem mais desenvolvido e civilizado que a própria Itália e Cipião, O que se revelou vital para a estratégia que Cipião empregaria contra Cartago. Logo ao desembarcarem as tropas romanas, Cartago mandou contra elas toda a cavalaria de que dispunha. Mas Cipião, manobrando numa retirada tática, as atraiu para uma armadilha e a aniquilou. Graças a esta vitória, conseguiu dois efeitos importantes: mais apoio de Roma e abalar a liderança de Cartago na região. A manobra seguinte de Cipião, todavia, fracassou, com o cerco de seis semanas ao porto de Utica sendo levantado pelas tropas de Sifax, o mais poderoso aliado de Cartago, que veio se juntar às novas tropas que o general cartaginês Asdrúbal Grisco recrutava. Juntas, estas forças muito superiores obrigaram Cipião a recuar até uma pequena península, que este fortificou e transformou em refúgio. A partir desta base improvisada, planejou uma arriscada manobra, dando a impressão de que tentaria invadir o porto de Útica e, de repente, num ataque noturno, caindo sobre o acampamento das tropas de Sifax, situado a 11 Km do acampamento cartaginês. Vendo o fogo se alastrar nas posições de seus aliados, os cartagineses abriram as portas de seu próprio acampamento na tentativa de ir socorrê-los e neste momento Cipião aproveitou para atacar também suas tropas, com o que conseguiu a completa derrota tanto de Sifax quanto dos cartagineses. Graças a esta vitória, entre Cartago e as legiões romanas não existia mais nenhuma oposição apreciável. Todavia, tal qual Aníbal antes dele, Cipião também não marchou direto contra a capital inimiga, igualmente por lhe faltarem condições para o assédio de uma cidade muito maior do que a própria Roma. Ademais, um sítio a Cartago, além de sua difícil implementação, como a Terceira Guerra Púnica viria demonstrar posteriormente, não necessariamente traria Aníbal de volta à África, como desejava Cipião. Havia também o risco deste cerco trazer Aníbal de volta enquanto as operações contra a capital inimiga prosseguissem, prensando os romanos entre as duas forças. Assim, ao invés do ataque direto, Publio Cipião optou por destruir os aliados de Cartago, tencionando também abalar sua estrutura econômica e a própria moral dos inimigos. Desta forma, escolheu marchar contra Sifax e suas tropas, que derrotou e, naquela que se revelaria à manobra decisiva da guerra, investiu contra a Numídia, derrotando os aliados cartagineses e colocando Massinissa no comando da terra de onde saíra à cavalaria que havia constituído a principal força do exército de Cartago. Depois, avançou contra Tunis, outra aliada que ficava frente a frente da própria Cartago, dividindo a mesma baia, destruindo-a. Tão difícil tornou-se a situação que os cartagineses decidiram abrir negociações de paz. Porém, as tratativas foram interrompidas em 202 a.C., com a chegada de Aníbal de volta da Itália, desembarcando em Léptis.



[editar] ZAMA



Antes do desembarque de Aníbal, dispensara Masinissa e sua cavalaria para que voltasse a Numídia e assegurasse o seu trono. Com a chegada de Aníbal os romanos também ficaram presos entre as tropas deste e a própria Cartago. E’ bastante possível que tratativas de paz encetadas entre Cartago e os romanos e a trégua em que elas se deram representasse um despiste para dar tempo a Aníbal de retornar a pátria. Nesta situação, Cipião escolheu nem avançar contra Cartago nem dar combate a Aníbal, mas fugir ou dar combate direto e retirar suas forças, deixando apenas um pequeno destacamento e se afastando de Cartago através do vale de Bagrados. Assim, enquanto Aníbal corria para Cartago, Cipião movimentou-se em sentido inverso. A razão desta manobra foi colocá-lo em contato com Masinissa, que retornava as presas da Numídia, e também colocar o exército romano exatamente no coração da fonte de alimentos da própria Cartago, numa posição que estes seriam obrigados a defender. Ao saber da posição assumida pelos romanos, o Senado de Cartago ordenou a Aníbal que imediatamente lhe enfrentasse e, apesar deste responder que não se imiscuíssem em tais assuntos, Aníbal acaba tendo de se portar como o general romano pretendia. Desta forma, deslocou-se em marcha forçada para o oeste, afastando-se de Cartago e internando-se longe de qualquer cidade, fortaleza ou outro ponto de apoio para suas tropas. E no mesmo momento em que chegava Aníbal perante seu exército, Cipião recebia, também, o reforço de Masinissa e de sua cavalaria númida. Porém, ao invés de combater os cartagineses, Cipião mais uma vez recuou, afastando os inimigos dos suprimentos de água e levando a batalha para uma planície, onde sua superioridade em cavalaria lhe tornava qualquer desenvolvimento tático favorável. O nome deste local era Naragara, embora a posteridade o conhecesse, incorretamente, por Zama. Para esta batalha decisiva, Aníbal dispôs suas tropas primeiro, colocando-as em formação antes de Cipião. Nas alas, sua própria cavalaria de númidas e cartagineses protegia as alas da infantaria, formada na frente pelos celtiberos e gauleses e, atrás, pelas suas melhores tropas, de veteranos africanos. À frente do dispositivo, ele colocara intimidadores batalhões de elefantes. Ter de dispor as tropas depois de Aníbal deixava Cipião numa situação difícil, mas para isto a cavalaria de Masinissa mostrou-se vital. Os esquadrões montados adentraram o cenário em coluna e, frente ao exército cartaginês, abriram-se em linha, protegendo a infantaria que evoluía atrás. Depois, deslocaram-se para os dois flancos da formação, assumindo posição idêntica as da cavalaria adversária, embora estivessem em número bem maior. O dispositivo de Cipião trazia a formação já tradicional de Velites, Hastários, Príncipes e Trinários, embora com um truque que decidiria a batalha favoravelmente aos romanos: coortes inteiras de homens armados com trompas de guerra logo nas primeiras filas da infantaria. Coube a Aníbal o primeiro movimento, através de seus elefantes. A uma ordem sua, os pelotões de bestas que estavam à frente de sua infantaria avançaram contra os romanos. Porém, ao alcançarem a linha inimiga, além da oposição dos Velites à frente da infantaria, o som das trompas assustou os animais, que apavorados fugiram em direção ao próprio exército cartaginês, arrasando as alas direita e esquerda da cavalaria de Aníbal. Imediatamente, os romanos alternaram a posição dos Hastários com os Príncipes, enquanto a cavalaria de Masinissa pelo seu lado direito e de Caio Lélio pelo esquerdo avançavam e a cavalaria cartaginesa, inferiorizada em efetivos, recuava para fora do cenário da batalha. Neste ponto Aníbal ordenou que sua infantaria atacasse, com os celtiberos e gauleses na frente e com seus veteranos atrás. No choque que se seguiu, a infantaria de Cartago não conseguiu empurrar a infantaria romana e a formação mais larga e mais delgada de Cipião mostrou sua superioridade, envolvendo os flancos da formação cartaginesa e a assolando de três lados. Por fim a cavalaria de Masinissa retornou pelas costas de Aníbal, cercando totalmente o exército de Cartago. Sem condição de evoluir taticamente, o exército cartaginês foi completamente derrotado. Pior talvez do que esta derrota tática, foi à derrota estratégica anterior, pois num local remoto e sem pontos de apoio, Aníbal não teve para onde recuar nem como reagrupar suas tropas. Nesta condição, totalmente vencido, rendeu-se a Cipião. Cartago nada mais tinha a responder após Zama. Não teve escolha além de pedir a paz e dar a guerra como perdida.



[editar] AS CONDIÇÕES DA PAZ



Desta vez Roma aproveitaria a derrota total da inimiga, impondo condições rapaces: Cartago deveria entregar toda a sua frota, pagar uma brutal indenização, abandonar todas as suas possessões africanas salvo a Tunísia, além de abrir mão da Península Ibérica e de qualquer pretensão territorial futura. Mais ainda, ficava proibida de fazer a guerra sem a autorização romana. Era a destruição de Cartago como potência e a entrega de todo o Mediterrâneo ocidental a Roma, colocando-a no caminho do império.



[editar] OS DESTINOS DE ANÍBAL E DE CIPIÃO



Após a rendição, Aníbal permaneceu em Cartago, como magistrado-chefe, tentando obter meios de pagar a grande indenização exigida por Roma. E’ consenso entre os historiadores que procedeu bem nesta tarefa, agindo com honestidade e irritando a nobreza cartaginesa, que o denunciou a Roma. Ao receberem a denúncia, os romanos viram a ocasião para se livrarem do velho adversário, exigindo que Cartago o entregasse. Aníbal, todavia, fugiu para a Síria, na época parte do Império Selêucida, aconselhando o rei Antíoco III a entrar em guerra contra Roma, guerra esta que Antíoco perdeu, novamente para Cipião, agora chamado de Cipião, o Africano Maior e na qual Aníbal atuou como comandante naval. Da Síria fugiu para a Bitínia onde, prestes a ser entregue aos romanos, suicidou-se com veneno. Quanto a Cipião, o herói que derrotara Cartago comandaria, sob as ordens de seu irmão, a derrota de Antíoco III. Mas seria acusado por adversários políticos de corrupção e terminaria se refugiando na Península Ibérica, abandonando Roma.



[editar] CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA



A primeira e mais importante de todas foi colocar Roma definitivamente no caminho do império, expandindo muito seu território. Embora a guerra prosseguisse durante décadas, a Península Ibérica foi formalmente anexada em 197 a.C. Para o leste, Roma anexou a Ilíria, após uma guerra que durou entre 230 e 219 a.C. Em 214 começou a primeira das Guerras Macedônicas, que Roma terminou em 168 a.C., com a anexação deste país e a escravização em massa dos macedônios derrotados. Logo após, a partir de 192 a.C., Roma derrotou Antíoco III e anexou a Anatólia até os montes Taurus e, em 97 a.C., Sila, o Feliz, expandiu o domínio romano para o Oriente até o rio Eufrates e para o sul até a Judéia. Ao mesmo tempo, o decisivo poderio cartaginês foi destruído e, finalmente, em 146, Cipião, o Africano Menor, neto por adoção de Cipião, o Africano Maior, a destruiu completamente na Terceira Guerra Púnica. Dentro de Roma, a conseqüência da guerra foi o lento processo de estrangulamento da República. Ao voltarem para casa, o soldados não encontram mais as terras que cultivavam, destruídas pela guerra ou pelo abandono de seus donos, o que acelera a acumulação de propriedades nas mãos dos Patrícios. Aníbal, de fato, não destruiu Roma, mas a guerra desencadeou uma série de fatos, incluindo a chegada de milhares de escravos do Ponto em conseqüência das Guerras Macedônicas, que causaram a Guerra Agrária. Ele não destruiu Roma, mas ajudou muito a destruir a República Romana e a abrir caminho para os Césares e o Principado.





[editar] Bibliografia



Grandes Guerras da História, Basil Liddel Hart. Helenismo: História de Uma Civilização, Arnold J. Toynbee. História em Revista, Impérios em Ascensão, Time-Life. História de Roma, M. Rostovtzeff. César e Cristo, Will Durant. O Mundo Romano, J.P.V.D. Baldson, organizador. A Vida Quotidiana em Todos os Tempos, Cartago na E’poca de Aníbal, Século III Antes de Jesus Cristo.





[editar] Lista de batalhas



* 218 a.C.

o Novembro: Batalha do Ticinus - Aníbal derrota os Romanos sob Publius Cornelius Scipio, o Velho numa pequena luta de cavalaria.

o Dezembro: Batalha do Trébia - Aníbal derrota os Romanos sob Titus Sempronius Longus, que atacou de forma inconsequente.

* 217 a.C. Batalha do Lago Trasimeno - Aníbal destrói o exército romano de Gaius Flaminius numa emboscada, matando Gaius.

* 216 a.C.

o Agosto: Batalha de Cannae - Aníbal destrói o exército romano liderado por Lucius Aemilius Paullus e Gaius Terentius Varro naquilo que foi considerada uma das obras-de-arte em estratégia militar.

o Primeira Batalha de Nola - O general romano Marcus Claudius Marcellus contém um ataque de Aníbal.

* 215 a.C. - Segunda Batalha de Nola - Marcellus repulsa novamente um ataque de Aníbal.

* 214 a.C. - Terceira Batalha de Nola - Marcellus trava nova batalha, desta vez inconclusiva, contra Aníbal.

* 212 a.C. -

o Primeira Batalha de Cápua - Aníbal derrota os cônsules Q. Fulvius Flaccus e Appius Claudius, mas o exército romano consegue escapar.

o Batalha do Silarus - Aníbal destrói o exército do pretor M. Centenius Penula.

o Primeira Batalha de Herdónia - Aníbal destrói o exército romano do pretor Gnaeus Fulvius.

* 211 a.C. -

o Batalha de Baetis - Publius e Gnaeus Cornelius Scipio são mortos na batalha com os cartagineses sob o irmão de Aníbal, Asdrúbal.

o Segunda Batalha de Cápua - Aníbal falha em quebrar o cerco da cidade de Roma.

* 210 a.C. -

o Segunda Batalha de Herdónia - Aníbal destrói o exército romano de Fulvius Centumalus, que morre em batalha.

o Batalha de Numistro - Aníbal derrota Marcellus mais uma vez.

* 209 a.C. - Batalha de Asculum - Aníbal derrota novamente Marcellus, numa batalha indecisiva.

* 208 a.C. - Batalha de Baecula - Na Hispânia, os Romanos sob P. Cornelius Scipio, o Novo derrotam Asdrúbal Barca

* 207 a.C. -

o Batalha de Grumentum - O general romano Gaius Claudius Nero trava uma batalha indecisiva contra Aníbal, e marcha para norte para confrontar-se com o irmão, Asdrúbal, que entretanto invadiu a Itália

o Batalha do Metaurus - Asdrúbal é derrotado e morto pelos exércitos combinados de Livius e Nero.

* 206 a.C. - Batalha de Ilipa - Cípio destrói as forças cartaginesas que restavam na Hispânia; nesta batalha usou a versão inversa da formação usada por Aníbal na batalha de Canae.

* 204 a.C. - Batalha de Crotona - Aníbal trava uma batalha inconclusiva com o general Sempronius, no Sul da Itália.

* 203 a.C. - Batalha de Bagbrades - Os Romanos sob Cípio derrotam o exército cartaginês de Asdrúbal Gisco e Syphax. Aníbal é chamado a África.

* 202 a.C. - Batalha de Zama (19 de Outubro) - Cipião Africano derrota definitivamente Aníbal no Norte de África, terminando a Segunda Guerra Púnica.

Roma enviou as suas tropas para a Hispânia ao comando de Gnaeus e Publius Cornelius Scipio. Gnaeus chegou primeiro, enquanto que o seu irmão se dirigiu a Massalia para conseguir apoios e tratar de cortar o avanço cartaginês. Emporion (ou Ampúrias) foi o ponto de partida de Roma na península. A primeira missão foi encontrar aliados entre os Iberos da zona costeira, que provavelmente não resultou como esperado já que, por exemplo, os Ilergetes eram conhecidos aliados de Cartago. Assim, Gnaeus foi obrigado a submeter (ora pela força, ora mediante tratados) a zona costeira a norte do rio Ebro, incluindo a cidade de Tarraco, onde estabeleceu a sua residência.



O primeiro combate importante entre cartagineses e romanos teve lugar em Cissa (218 a.C.), provavelmente próximo de Tarraco, embora se tenha, pretensamente, identificado com Guissona, na actual província de Lérida. Os cartagineses, a mando de Hannon, foram derrotados pelas forças romanas encabeçados pelo próprio Gnaeus. O líder dos Ilergetes, Indíbil, que combatia pela facção cartaginesa, foi capturado. Embora a vitória de Gnaeus parecesse concretizada, surgiu Aníbal Barca com reforços, dispersando os romanos, sem os derrotar. Os cartagineses regressaram a Nova Cartago (actual Cartagena), e os romanos à sua base principal, a cidade de Tarraco.



Seguiram-se várias batalhas, das quais se destacam a de Hibera e a de Baecula. Ao culminar das lutas contra a presença cartaginesa na península, Roma dominava uma região que ia desde os Pireneus ao Algarve, até Huesca, organizando a zona em duas províncias: as Hispânias Citerior e Ulterior. A partir daí, impulsionada quer pela política imperial, quer pela ameaça fronteiriça dos povos rebeldes, Roma prosseguiu a conquista da península, cuja dominação perduraria até à entrada das invasões bárbaras, já no século V, formando durante os sete séculos sob a sua influência, uma população homogénea na Hispânia, conhecida como hispano-romana.

Invasão romana da Península Ibérica=A partir do final do século IV a.C. registra-se a ascensão de uma nova potência no Mediterrâneo Ocidental: a República Romana. A partir de então, durante três séculos, Roma constituiu o seu poderio, inicialmente nos territórios da península Ibérica e, em seguida, pelo Mediterrâneo Oriental e Ocidental, no Norte da África, até alcançar a Europa Central e a do Leste.

A invasão: Cartago vs. Roma



A invasão romana da península Ibérica iniciou-se no contexto da Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), quando as legiões romanas, sob o comando do cônsul Cneio Cornélio Cipião, para ali se movimentaram taticamente, a fim de atacar pela retaguarda os domínios de Cartago na região.



De fato, a influência cartaginesa na península Ibérica permitia um expressivo reforço, tanto de suprimentos quanto de homens, a Cartago. A estratégia do Senado romano visava, desse modo, a enfraquecer as forças cartaginesas, afastando os seus exércitos da Península Itálica.



O primeiro combate importante entre Cartagineses e Romanos ocorreu em Cissa (218 a.C.), provavelmente próximo a Tarraco, embora os historiadores tenham tentado identificá-la com Guissona, na actual província de Lérida. Os Cartagineses, a mando de Hannon, foram derrotados pelas forças romanas a mando do próprio Cneio Cipião. O caudilho dos Ilergetes, Indíbil, que combatia aliado aos Cartagineses, terá sido então capturado. Não obstante, quando a vitória de Cneio parecia concretizada, acudiu Asdrúbal Barca, com reforços, que dispersaram os romanos sem, no entanto, os derrotar. Assim, as forças opostas regressavam às suas bases militares — os Cartagineses a Cartago Nova (actual Cartagena) e os Romanos a Tarraco — e já só no ano seguinte a frota de Cenio Cipião vence Asdrúbal Barca na boca do rio Ebro. Pouco depois chegaram reforços de Itália dirigidos por Públio Cipião, permitindo o avanço dos Romanos em direcção a Sagunto.



Atribui-se a Cneio e Públio a fortificação de Tarraco e o estabelecimento de um porto militar. A muralha da cidade foi provavelmente construída sobre a anterior muralha ciclópica, já que nela se observam algumas marcas de trabalho da pedra tipicamente ibéricas.



Ainda no ano de 216 a.C. há registo de combates entre Cneio e Públio contra os iberos, provavelmente de tribos a Sul do Ebro, embora sem grandes consequências para Roma. Já no ano seguinte, receberam os Cartagineses reforços, encabeçados por Himilcão, dando-se novo combate nas bocas do Ebro, segundo parece, próximo de Amposta ou Sant Carles, naquela que ficou conhecida como a batalha de Hibera, ou Ibera. Para prejuízo de Cartago, deste confronto saíram os Romanos vencedores.



A rebelião de Sifax em 214 a.C., aliado de Roma, na Numídia (Argel e Orán) obrigaria Asdrúbal a regressar a África com as suas melhores tropas, deixando o caminho livre para a progressão romana. Asdrúbal Barca, já em África, conseguiria o apoio de Gala, um outro rei númida, senhor da região de Constantina e, com a ajuda deste (e do seu filho, Masinisa), conseguindo a derrota de Sifax. Regressou em 211 a.C. à península fazendo-se acompanhar de Masinisa e os seus guerreiros númidas.



Algures entre 214 e 211 a.C., Cneio e Público regressaram ao Ebro. Sabe-se que em 211 a.C. os Cipiões incluíam no seu exército um forte contingente de milhares de mercenários celtiberos. Estes actuavam, frequentemente, como soldados de fortuna.



As forças cartaginesas estruturaram-se em três exércitos, comandados respectivamente pelos irmãos Barca (Asdrúbal e Magão) e ainda por outro Asdrúbal, filho do comandante cartaginês Aníbal Giscão, morto durante a Primeira Guerra Púnica. Do lado oposto, os romanos organizaram-se em três grupos, comandados por Cneio, Públio, e ainda por Tito Fonteio. Asdrúbal Giscão e Magão Barca, apoiados pelo númida Masinisa, conseguem derrotar Públio Cipião, matando-o. Cneio Cipião, em pleno combate a 211 a.C., assiste à deserção dos mercenários celtiberos — a quem Asdrúbal Barca ofereceu uma soma maior daquela paga por Roma — e é obrigado a retirar-se; faleceria durante a retirada, deixando os Cartagineses aptos a atravessar o rio Ebro, que só puderam ser contidos graças à intervenção de Gaio Márcio Séptimo, eleito como general pelas tropas. O cenário destes combates é, porém, incerto, embora sabendo-se que Indíbil combatia novamente do lado dos cartagineses.



No ano seguinte, 210 a.C., é enviada uma expedição dirigida por Cláudio Nerão com vista à captura de Asdrúbal Barca; não obstante, Cláudio traiu a sua palavra e fugiu desonrosamente. O Senado insistiu, e enviou novo exército ao rio Ebro, para conter o avanço das tropas cartaginesas em direcção a Itália. O líder desta nova força foi o célebre Cipião Africano, filho do general homónimo, morto em combate em 211 a.C. Cipião fazia-se acompanhar do pró-consul Marco Silano (que deveria suceder a Cláudio Nerão) e do conselheiro, Caio Lelio, chefe de esquadra. À sua chegada, os exércitos cartagineses encontravam-se instalados da seguinte forma: aquele dirigido por Asdrúbal Barca encontrava-se próximo da nascente do rio Tejo; o exército de Asdrúbal Giscão na região da futura Lusitânia, próximo à actual cidade de Lisboa; o exército de Magão encontrava-se na zona do estreito de Gibraltar. Cipião, aparentemente desprezando a importância da região do Ebro, atacou directamente Cartago Nova por terra e por mar. A capital púnica peninsular, cuja guarnição, insuficiente, era dirigida por outro Magão, foi obrigada a ceder, sendo ocupada pelos Romanos. Rapidamente, retorna Cipião a Tarraco antes que Asdrúbal atingisse as desguarnecidas linhas do Ebro.



Esta operação marcou o início da submissão de grande parte da Hispânia Ulterior. Cipião soube convencer vários caudilhos ibéricos, até então aliados a Cartago, como Edecão (inimizado com Cartago desde que a sua mulher e filhos foram tomados como reféns), Indíbel (pela mesma razão), e Mandónio (declarado inimigo por Asdrúbal Barca).



No Inverno de 209 a 208, Cipião avançou em direcção a Sul, chocando com o exército de Asdrúbal Barca (que, por sua vez, se deslocava para Norte), próximo a Santo Tomé (Jaén), na aldeia de Baecula, onde decorreu a batalha de Baecula. Não obstante Cipião reclamar para si a vitória, que permanece por confirmar, o facto é que Asdrúbal Barca prosseguiu o avanço em direcção ao Norte com a maior parte das suas tropas, atingindo o sopé das montanhas dos Pirenéus. Sabe-se que, desta forma, Asdrúbal cruzou os Pirinéus passando pelo região basca, provavelmente na tentativa de conseguir uma aliança com estes embora, em todo o caso, os bascos não dispusessem de grandes meios de oposição faze à força cartaginesa. Asdrúbal acamparia no Sul da Gália entrando na Itália em 209 a.C.. No ano seguinte Magão transladou as suas tropas para as Baleares e Asdrúbal Giscão manteve-se na Lusitânia.



Em 207 a.C., reorganizados os cartagineses e com novos reforços procedentes da África e dirigos por Hannon, conseguiram recuperar a maior parte do Sul da península. Após a submissão desta zona por Hannon, uniu-se Asdrúbal Giscão na região, e Magão regressou à península. Pouco depois, as forças de Hannon e Magão foram derrotadas pelo exército romano a mando de Marco Silano, de onde resultou a captura de Hannon e a retirada de Giscão e Magão para as principais praças-fortes até receberem novos reforços desde África (206 a.C.). Entretanto recrutaram contingenes de indígenas e confrontaram-se com os Romanos na batalha de Ilipa (na zona da actual Alcalá del Río), na província de Sevilha. Nesta batalha vence Cipião sem sombra de dúvida, obrigando nova retirada de Magão e Asdrúbal para Gades. Cipião tornara-se assim dono de todo o sul peninsular, e pôde cruzar a África onde se encontrou com o rei númida Sifax, que já o havia visitado na Hispânia.



Aproveitando uma convalescença de Cipião, algumas unidades do exército aproveitaram-se para amotinar-se exigindo os salários em atraso; por sua vez, a oportunidade foi aproveitada pelos Ilergetes (a mando de Indíbil) e pelos Ausetanos (a mando de Mandónio) que iniciariam uma rebelião dirigida, sobretudo, aos pró-cônsules L. Lentulo e L. Manlio. Cipião soube conter o motim, colocando um ponto final na revolta dos ibéricos. Mandónio foi preso e executado (205 a.C.), mas Indíbil conseguiu escapar.



Magão e Asdrúbal abandonaram Gades com todos os seus barcos e tropas para acudir a Aníbal, já em Itália. Roma tornava-se assim senhora de todo o Sul da Hispânia, desde os Pirenéus ao Algarve, no seguimento da costa e, para o interior, de Huesca em direcção ao Sul até ao rio Ebro e para Este em direcção ao mar. A partir de então, iniciou-se a administração romana da península, inicialmente com o caráter de ocupação militar, com o fim de manutenção da ordem e de exploração dos recursos naturais das regiões ocupadas, doravante integradas no território controlado pela República. Assim, a porção ocupada ficava desde já dividida em duas províncias: a Citerior, a Norte, e Ulterior, a Sul, com capital em Córdoba. A administração ficava incumbida a dois pretores bianuais que, de resto, nem sempre se cumpria.



[editar] A resistência



A derrota dos cartagineses, entretanto, não garantiu a ocupação pacífica da península. A partir de 194 a.C., registraram-se choques com tribos de nativos, denominados genericamente como Lusitanos, conflitos que se estenderam até 138 a.C., denominados por alguns autores como guerra lusitana. A disputa foi mais acesa pelos territórios mais prósperos, notadamente na região da atual Andaluzia.



Nesse contexto, destaca-se um grupo de Lusitanos liderados por Viriato, eleito por aclamação. Esse grupo inflinge várias derrotas às tropas romanas na região da periferia andaluz, vindo a historiografia clássica a torná-lo um mito da resistência peninsular.



Ao se iniciar a fase imperial romana, a pacificação de Augusto também se fez sentir na península Ibérica: a partir de 19 a.C. as suas legiões ocuparam a região norte peninsular, mais inóspita, ocupada por povos cântabros e astures. Com esta ocupação, asseguravam-se as fronteiras naturais e pacificava-se essa região mais atrasada, de modo a que não constituísse ameaça para as populações do vale do rio Ebro e da chamada Meseta, já em plena fase de Romanização. A romanização



Ver artigo principal: Hispânia.



Na península Ibérica a Romanização ocorreu concomitantemente com a conquista, tendo progredido desde a costa mediterrânica até ao interior e à costa do Oceano Atlântico. Para esse processo de aculturação foram determinantes a expansão do latim e a fundação de inúmeras cidades, tendo como agentes, a princípio, os legionários e os comerciantes.



Os primeiros, ao se miscigenarem com as populações nativas, constituiam famílias, fixando os seus usos e costumes, ao passo que os segundos iam condicionando a vida econômica, em termos de produção e consumo. Embora não se tenha constituído uma sociedade homogênea na península, durante os seis séculos de romanização registraram-se momentos de desenvolvimento mais ou menos acentuado, atenuando, sem dúvida, as diferenças étnicas do primitivo povoamento.



A língua latina acabou por se impor como língua oficial, funcionando como factor de ligação e de comunicação entre os vários povos. As povoações, até aí predominantemente nas montanhas, passaram a surgir nos vales ou planícies, habitando casas de tijolo cobertas com telha. Como exemplo de cidades que surgiram com os Romanos, temos Braga (Bracara Augusta), Beja (Pax Iulia), Conímbriga e Chaves (Aquae Flaviae).



A indústria desenvolveu-se, sobretudo a olaria, as minas, a tecelagem, as pedreiras, o que ajudou a desenvolver também o comércio, surgindo feiras e mercados, com a circulação da moeda e apoiado numa extensa rede viária (as famosas "calçadas romanas", de que ainda há muitos vestígios no presente) que ligava os principais centros de todo o Império.



A influência romana fez-se sentir também na religião e nas manifestações artísticas. Tratou-se, pois, de uma influência profunda, sobretudo a sul, zona primeiramente conquistada. Os principais agentes foram os mercenários que vieram para a Península, os grandes contingentes militares romanos aqui acampados, a acção de alguns chefes militares, a imigração de romanos para a Península, a concessão da cidadania romana.



[editar] A divisão administrativa



Finalizado o processo de conquista, a província foi integrada ao Império, dividida administrativamente em três partes:



* Tarraconense, a Norte e Nordeste, até aos Pirineus;

* Bética, a Sul; e

* Lusitânia, com capital em Emerita Augusta (atual Mérida), estendia-se entre os rios Douro e Guadiana.



Registra-se neste período uma etapa de paz e prosperidade econômica, marcada pela construção de cidades e de uma rede de vias, talvez o elemento mais marcante da administração imperial romana. A maioria das cidades na península adquiriu progressivamente a sua autonomia, vindo posteriormente a se constituir em sede de municípios.



[editar] Aspectos econômicos



Durante a Romanização da península, a economia de subsistência das primitivas tribos foi paulatinamente substituída por grandes unidades de exporação agrícola em regime intensivo (as villae), produzindo azeite, cereais, vinho e pecuária, ao mesmo tempo em que o primitivo artesanato deu lugar a indústrias especializadas como as da cerâmica e da mineração. A atividade agro-pecuária localizava-se, particularmente, ao Sul do rio Tejo. Também houve desenvolvimento na atividade pesqueira, que por sua vez demandava o desenvolvimento da extração de sal e das atividades de construção naval.



No tocante à exploração mineral, na qual a península era particularmente rica, todas as minas passaram a pertencer ao Senado de Roma, sendo exploradas por escravos. Entre elas destacava-se a região que se estende de Grândola a Alcoutim, de onde era extraído o cobre e a prata.



Para esse desenvolvimento, muito contribuiu a circulação da moeda romana.



[editar] Aspectos culturais



Assim como em diversas outras regiões do Império, também foram erguidas na península pontes, teatros, termas, templos, aquedutos e todo o tipo de edifícios públicos e privados, civis e militares.



No campo da religião, registra-se a sobrevivência de divindades primitivas ao lado de divindades romanas, por vezes, também miscigenadas.

Na sequência da presença romana quase forçada na península, Roma expandiu as suas fronteiras para noroeste, alcançando o Atlântico a oeste e o mar Cantábrico a norte, conquistando assim a totalidade da península. Durante este processo, a influência romana (romanização) foi progressivamente assimilada, ao longo dos dois séculos que demorou.



Talvez devido à natureza e cultura dos povos nativos — nomeadamente os que tiveram pouco ou nenhum contacto com as outras potências mediterrânicas (Gregos e Cartagineses) —, que ofereceram maior oposição ao avanço de Roma, a língua e costumes ancestrais foram praticamente extintos, à excepção do euskera (basco), que sobreviveu nas colinas ocidentais dos Pirinéus, onde a romanização não foi tão intensa, já que a cultura romana se propagava paralelamente aos interesses comerciais da metrópole, demorando, portanto, a chegar aos lugares de menor importância.



Desta forma, os povos que já haviam tido algum contacto com outras culturas, como os Iberos, Ilergetes e Turdetanos, assimilaram rapidamente o modo de vida romano e nas regiões por estes ocupadas se fundaram as primeiras cidades romanas, que serviriam também de bases militares para as legiões.



No entanto, o processo foi muito mais moroso no que toca aos povos do interior, como os Lusitanos e aos do noroeste peninsular, como os Brácaros - especialmente na zona da Calle, onde encontraram feroz resistência durante longos anos, facto que levou a que os romanos chamassem a todo o restante território de Callécia, tendo inclusivamente Décimus Iúnius Brutus se auto-entitulado de Callaecus (o Galego) - do que com os mais enraizados com a cultura celtibera, manifestando-se através de uma forte resistência armada como demonstram os episódios de Numância ou da rebelião de Viriato.



Não obstante, a romanização de toda a península foi inevitável. Roma impulsionou o repovoamento, não só repartindo as terras entre as tropas licenciadas, como permitindo a fixação de famílias originárias da península Itálica, que vieram para a Hispânia em busca das riquezas e do território fértil, transformando toda a região num notável pólo de desenvolvimento económico. Não foi por acaso, portanto, que Trajano e Adriano eram naturais da Hispânia.

Cidades fundadas=Embora a influência romana tenha tido grande repercussão nas cidades já existentes em toda a península, foi nas cidades formadas pelos próprios que se centraram os maiores esforços urbanísticos, como:

* Tarraco (Tarragona), que teve origem no acampamento militar estabelecido por Gnaeus Cornelius Scipio Calvus em plena Segunda Guerra Púnica; foi rapidamente promovida a capital da Hispânia Citerior e, posteriormente, da província Tarraconense. Júlio César deu-lhe o estatuto de colónia (Colonia Iulia Triumphalis Tarraco) em 45 a.C..

* Emerita Augusta (Mérida), fundada a 25 a.C. por Publio Carisio, representante de Octávio Augusto para as legiões V (Alaudae) e X (Gemina). Rapidamente se converteu numa das cidades mais importantes de Hispânia e tornou-se capital da Lusitânia;

* Italica (Santiponce), foi a primeira cidade puramente romana fundada na região. Nasceu como hospital de campanha para os feridos da batalha de Ilipa. Na época de Júlio César consegue o estatuto de município, embora o seu máximo esplendor tenha sido atingido durante os séculos I e II d.C., altura em que conseguiu o estatuto de colónia (Colonia Aelia Augusta Itálica).



Outras cidades que se tornaram notáveis, embora não sendo de fundação romana, algumas das quais ascenderam ao estatuto de capital provincial, foram: na Espanha*: Corduba, Carthago Nova; em Portugal*: Bracara Augusta, Balsa e Olissipo.

Arquitectura romana=A arquitetura romana deriva da arquitetura grega, embora diferenciando-se nas suas características próprias. Alguns autores agrupam ambos estilos designando-os por arquitetura clássica. Alguns tipos de edifícios característicos deste estilo propagaram-se por toda a Europa, nomeadamente o aqueduto, a basílica, a estrada romana, o Domus, o Panteão e o Arco do Triunfo.

A civilização romana ficou conhecida como grande empreendedora no que toca às infra-estruturas; foi a primeira civilização a esforçar-se seriamente nas obras civis como parte do desenvolvimento e conservação dos domínios (não só geográficos, mas militar e economicamente falando) do seu extenso império. Hispânia, sob a forma das suas várias províncias, assistiu também a grandes empreendimentos:



* Estradas: os Romanos projectaram estradas que uniam Cádiz aos Pireneus e das Astúrias a Múrcia, cobrindo os litorais mediterrânicos e atlânticos pelas conhecidas vias: Via Lata (actualmente conhecida como Via da Prata), Via Augusta e Via Exterior são os mais notáveis exemplos. Para sinalizar as distâncias, eram colocados os miliários que, em forma de coluna ou grandes pedras, marcavam a distância desde o ponto de origem em milhares de passos (milhas). O cuidado aplicado na projecção destas estradas subsiste até aos dias de hoje, já que a maior parte do traçado foi aproveitado nos traçados das auto-estradas e estradas nacionais actuais. Segundo o Itinerário de Antonino, existiam em território português 11 eixos viários que ligavam esta região às grandes vias que conduziam a Roma.

* Pontes: grande parte das numerosas pontes romanas conservaram-se até à actualidade e são ainda utilizadas por toda a região.

* Aquedutos: destacam-se, pelo seu estado de conservação, o aqueduto de Segóvia, Tarraco (Ponte do Diabo) e também as ruínas do aqueduto de Mérida, conhecido como Aqueduto dos Milagres.

* Termas: Na Península Ibérica existe uma grande diversidade arqueológica deste tipo de construção, destacando-se, pelo seu estado de conservação, as termas de Alange (próximo de Mérida) que, após várias reformas ao longo dos séculos XVIII e XIX, encontram-se actualmente abertas ao público como parte de um balneário.

* Teatros: como actividade lúdica favorita dos hispano-romanos, o teatro era indispensável à cidade que desejasse subir a esse estatuto. É dessa forma que surge o teatro de Emerita Augusta, construído praticamente ao mesmo tempo que o resto da cidade, pelo cônsul Marco Agripa. Destacam-se ainda os anfiteatros de Italica, Sagunto, Clunia e Saragoça, entre outros do legado arqueológico, alguns destes ainda utilizados para festivais de teatro.

* Anfiteatros: Diferentes dos anteriores, eram tipicamente utilizados para um tipo de espectáculos diferentes, como a luta de gladiadores, ou mesmo batalhas navais (como no caso do Coliseu de Roma). Na Hispânia chegaram-se a construir vários, cujos restos ainda se conservam em Italica, Tarragona e Mérida.

História posterior=Já desde o século IV, a distribuição dos povos na Europa sofreu um período de migrações. A Península Ibérica, em particular, sofreu a ruptura da organização política e administrativa que o Império Romano teria adoptado, nas várias províncias da região por eles designada de Hispânia. Em 411 chegaram à Lusitânia — uma dessas províncias que corresponde sensivelmente ao centro e sul de Portugal e a província de Cáceres na Espanha — os grandes bandos de Alanos, Vândalos e Suevos, povos que tinham sido violentamente arrancados das suas terras pela invasão dos Hunos e que, depois dessa expulsão, se deslocaram pela Europa, para Ocidente, procurando novas terras onde se instalar. Os Alanos eram oriundos da região do Cáucaso; os Vândalos eram germânicos de origem escandinava; os Suevos, também germânicos, eram aparentados com os grupos anglo-saxões que, por esta altura, se foram instalar em Inglaterra.



Apenas os Suevos se organizaram politicamente. A esta invasão assistiu Paulo Orósio, presbítero de Braga, que escreveu que «depressa trocaram a espada pelo arado e se fizeram amigos». Organizaram um reino que abrangia a Galiza e tinha capital em Braga; o reino alargou-se depois para o sul do Douro.



Este grupos de bárbaros não parecem ter sido numerosos; ainda assim, subjugaram as províncias romanas com grande rapidez e, depois de instalados, não encontraram grandes resistências por parte das populações, facto que se relaciona com as condições sociais dos últimos tempos do Império Romano. Um desastre económico atingira as cidades, destruindo as classes médias e agravara as condições dos camponeses. O fim das conquistas tornara difícil as obtenção de escravos e era no trabalho destes que assentava a economia romana. Assim, a população livre caía numa situação de semiescravatura.



Com as invasões desapareceram todos os quadros do Estado, mas manteve-se de pé a organização eclesiástica. A maior parte da população hispano-romana era cristã e o território estava dividido em paróquias. Ainda no século V, os Suevos aceitaram a nova religião, que mais tarde seria também adoptada pelos Visigodos.Na sequência da pressão dos Hunos, vários povos foram forçados a deslocar-se pela Europa. Em 405, duas tribos germânicas, os Vândalos e os Suevos, juntamente com os Alanos, atravessaram o Reno em direcção à Gália e, mais tarde, para a península, onde os Visigodos já esboçavam a quebra das ligações da Hispânia romana com o restante Império. Os Suevos estabeleceram um reino no noroeste; os Vândalos, pouco mais de 80.000, ocuparam o sul, na actual Andaluzia. Com grande parte da península já fora do seu controlo, o Imperador Romano do Ocidente, Honório (r. 395-423), encarregou a sua irmã, Galla Placidia, e o seu marido, Ataúlfo, o rei visigodo, de restaurar a ordem, concedendo-lhes o direito de se instalarem na península contribuindo, para isso, na defesa e manutenção da região. Os Visigodos conseguiram subjugar os Suevos e expulsar os Vândalos, que migraram para o Norte de África. Em 484, estabeleceram Toledo como capital. Note-se, portanto, que a ocupação visigótica não constituiu, de forma alguma, uma invasão propriamente dita, já que este eram, inclusive, assistidos no governo por hispano-romanos, e o latim permaneceu a língua oficial.



O Cristianismo, introduzido logo no século I e doravante sustentado como religião oficial do Império Romano, tornou-se fundamental durante a ascendência visigótica, já que a Igreja permitia a coesão dos povos.



[editar] Economia



Antes da ocupação cartaginesa, já circulavam no Mediterrâneo lendas sobre as riquezas de Tartesos, e sobre expedições comerciais que regressavam da Hispânia carregadas de prata.



Com a derrota na Primeira Guerra Púnica, Cartago perdeu importantes mercados e foi obrigada a pagar tributo a Roma. Como reacção, decidiu expandir-se pela costa ibérica, que ainda permanecia fora dos domínios de Roma, em busca de riquezas que poderiam financiar uma eventual retaliação. Interessada sobretudo em obter benefício rapidamente, explorou as minas de prata por todo o litoral andaluz e oriental, extraindo importantes quantidades deste metal, que seriam utilizadas para financiar em grande parte a Segunda Guerra Púnica e as campanhas itálicas de Aníbal.



Por este motivo, entre outros, um dos objectivos estratégicos de Roma seria precisamente cortar a ligação das minas hispânicas com Cartago, e é por isso que se dirigem de imediato contra as minas de Carthago Nova. Em parte devido à perda destes e de outro tipo de recursos, com especial impacto nas campanhas de Aníbal, este renuciava à guerra itálica em 206 a.C..Apesar da moeda já ser utilizada na península, foi Cartago que generalizou o seu uso, como forma de pagamento às tropas, antes e depois da invasão romana. Seriam, no entanto, os Romanos a impor a utilização da moeda em todo o território hispânico. A abundância de moedas encontradas, sobretudo as de valor mais pequeno, prova que o uso monetário esteve amplamente aplicado no quotidiano. Uma vez consolidado o poder romano na península, muitas cidades cunharam moeda: Tarraco (a primeira), Itálica, Barcino, Caesaraugusta, Emerita Augusta, etc.



Roma continuou as práticas de extracção mineira, já iniciadas pelos Iberos e melhoradas pelos cartagineses, importando as técnicas usadas no Egipto Ptolomaico. Em relação aos minerais, os de maior interesse foram prata, cobre e ferro. Desta produção, além dos vestígios encontrados em antigas minas, foram encontrados lingotes de prata e cobre com os selos dos fundidores hispânicos.



Na agricultura, destaca-se o cultivo da azeitona, já desde o século II a.C., especialmente no litoral tarraconense e bético. Com efeito, a Bética especializou-se na produção de azeite para exportação para Roma e norte da Europa. Os inúmeros achados arqueológicos no monte Testaccio, em Roma, permitem deduzir a dimensão do comércio do azeite bético e, portanto, a importância que teve na agricultura hispânica: segundo os estudos[1], mais de 80% do volume do monte é composto por ânforas de azeite béticas. Além disso, foram também encontradas ânforas de origem bética em Alexandria e inclusivamente em Israel. Também existe registo de um importance comércio de azeite no século II d.C. com destino às guarnições romanas na Germânia. Além dos achados já citados, destaca-se também Lora del Río, na província de Sevilha, pela quantidade de ânforas encontradas.

Arte romana=A arte romana, referente à época artística do Império romano do ocidente, foi muito influenciada pela cultura da grécia antiga e estende-se do século VIII a.C ao século IV d.C. difundindo-se por diversas expressões artísticas desde a construção de diversas tipologias de edifícios públicos, pintura afresco à escultura, etc.



Após o reconhecimento da religião cristã, o movimento artístico do paleocristianismo vai acabar por tomar o lugar da expressão anterior.Pintura



Segundo Vitrúvio, a pintura romana passou por várias fases de desenvolvimento, desde a decoração de paredes com texturas que se assemelhavam às do mármore ou de colunas (com incrustações), passando pela recreação de cenas teatrais, paisagísticas, religiosas ou épicas (estilo arquitectónico), até à recriação de criaturas monstruosas ou objectos impossíveis da primeira época imperial (estilo ornamental). Já em pleno século I assiste-se a um novo estilo mais abstracto (estilo ilusionista).



Em toda a Hispânia subsistem provas desses mesmos estilos pictóricos nos conjuntos arqueológicos das primeiras cidades, como Italica, Mérida, Tarragona ou Astorga, bem como Almedinilla, Alcúdia, Alcolea del Río, Osuna, Carmona, etc. A partir do século III, as correntes artísticas procedentes do norte de África extendem-se pelo oeste peninsular ao longo da Via da Prata. Entre as decorações mais frequentes, podem-se destacar:



* Imitação de mármores: Muito frequente em todos os assentamento romanos, imitam-se placas de mármore com ampla gama cromática; de grande extensão no tempo, desde o século I ao IV. Menos frequente é a imitação de incrustações, consistente com a imitação de mármore recortado e formando figuras;



* Decoração em relação contínua: Nesta decoração, o motivo geométrico é repetido em cadeia e encadeado. Um exemplo deste estilo encontra-se na Casa del Mitreo, em Mérida. Este estilo pertence principalmente à segunda metade do primeiro século.



* Decoração figurada: Consiste na pintura de pequenos quadros no centro das paredes, com representações humanas e cenas mitológicas, religiosas ou sexuais (frequentemente muito explícitas). Também se encontram grandes frisos decorados com cenas de caça ou corridas, embora com menor frequência. O estilo estende-se durante quase todo o período de influência romana na península, embora mais abundante entre os séculos I a IV.



* Animais, vegetais: ainda se podem encontrar em necrópoles, como a de Carmona, inseridos em motivos religiosos. Os animais usavam-se com frequência como simples objecto pictórico decorativo, em ocasiões inseridas em esquema de relação de contínua (enchendo o interior de figuras geométricas) e em candelabros, com pássaros entre os motivos florais. Os motivos vegetais usavam-se com abundância tanto na pintura funerária como na decoração doméstica.



* Decoração arquitectónica: Imitação de colunas ou pilares, tipicamente usados como divisão das paredes. Também eram imitados capitéis. Não existe, no entanto, nenhuma ocorrência documentada deste estilo na Hispânia.



[editar] Escultura



A tradição romana de esculpir procede directamente da cultura grega, embora adaptada à estrutura político-social da Roma Antiga. As classes dominantes utilizavam a escultura como manifestação da sua elevada posição social, não só no âmbito privado - como nas suas villas - como também em público, em que a escultura era usada como modo de promoção política. Como parte integrante do Império Romano, a Hispânia não ficou à margem desta corrente artística.



A escultura romana baseiava-se em dois materiais: o mármore e o bronze. Poucas são as esculturas romanas que sobreviveram à corrosão provocada pelo tempo ou intempérie, ou mesmo à reutilização do material para outros fins.



A escultura romana concentrava a sua atenção no busto do personagem retratado, bem como nas mãos e antebraços, e o resto do corpo era construído e adquirido de forma separada. Ao longo do tempo, esta tendência evoluiu para modelos de meio corpo, já no século II. A acentuação dos detalhes do rosto delata a influência etrusca da escultura romana.



No âmbito público, a escultura desempenha um papel fundamental na ornamentação dos edifícios públicos, mostrando ao povo as imagens dos governantes e, durante a época imperial, enaltecendo a figura do imperador. Uma boa demonstração desta profusão de esculturas públicas pode ser comprovada nos teatros, fóruns, termas, etc.

Mosaico



O mosaico utilizava-se com abundância para pavimentar o solo das casas romanas, especialmente quando se tratavam das famílias mais importantes de cada cidade. Graças à grande profusão do mosaico, e pelas características dos materiais usados — principalmente vidro, cerâmica e pedra, conhecidos genericamente como teselas —, os restos arqueológicos desta variedade artística são muito abundantes, e alguns encontram-se mesmo em excelente estado de conservação.



[editar] Organização político-administrativa



[editar] Divisão provincial



Todo o Império Romano estava dividido em províncias. Dentro de cada província, o governo era exercido a partir de uma capital, por um pretor, pró-cônsul ou cônsul, dependendo da sua importância estratégica e dos níveis de instabilidade dentro ou fora das suas fronteiras. No caso da Hispânia, que duraria cerca de dois séculos a ser definitivamente conquistada, as estruturas administrativas foram reorganizadas sucessivamente, em função da adaptação aos costumes e estilo de vida romanos.



Cada província era, por sua vez, dividida em conventus (circunscrições administrativas e jurídicas), com sede nas cidades mais significativas da zona.

Divisão provincial da República=Nos primeiros tempos da Romanização, a parte da península Ibérica já ocupada pelos Romanos foi organizada administrativamente em duas partes que, no seu conjunto, eram referidas como "as Hispânias" (Hispaniae). À parte mais próxima de Roma foi dado o nome Citerior e, à mais remota, Ulterior. A fronteira entre as duas eram uma linha sinuosa desde Nova Cartago (actual Cartagena) e o mar Cantábrico:



* A Hispânia Ulterior compreendia a actual Andaluzia, Portugal, a Extremadura, a província de Leão, grande parte da antiga Castilla la Vieja, a Galiza, Astúrias, Cantábria e o País Basco.

* A Hispânia Citerior compreendia a parte oriental da antiga Castilla la Vieja e as actuais Aragão, Valência, Catalunha e a maior parte da antiga Castilla la Nueva.



Ainda que tecnicamente toda a península tenha sido dividida em duas metades, na prática o domínio romano centrava-se unicamente na costa mediterrânica, já que a maior parte da península ainda era, nesta altura, controlada pelos povos autóctones (Celtiberos, Lusitanos, Ilergetes, etc). Entre os anos 218 a.C. e 205 a.C., altura em que os Cartagineses foram definitvamente expulsos do território ibérico, o poder político era exercido desde a capital Tarraco, fundada durante a Segunda Guerra Púnica. Posteriormente, ao criar-se esta primeira divisão territorial, o centro do governo passaria a ser exercido a partir de Córdoba.



Já no século I a.C., surge Quinto Sertório, que alinhava junto do partido popular que se opunha ao governo oligárquico dos primeiros ditadores, como Sula, e se estabeleceu na Hispânia aliando-se aos Lusitanos. Aproveitou as estruturas republicanas, já em decadência no resto do Império, para criar um governo autónomo da metrópole romana. Apesar das sucessivas incursões militares que pretendiam restaurar o domínio romano na península, soube contê-las durante pelo menos oito anos, até ser assassinado a 72 a.C., a mando de Pompeu que, além do domínio da região, procurava erradicar os vestígios do republicanismo romano.

Divisão provincial de Augusto=A 27 a.C., o general e político Marcus Vipsanius Agrippa reorganizou a península em três partes, basicamente pela divisão da Hispânia Ulterior na Bética (com correspondência à actual Andaluzia) e na Lusitânia (que incluía a Galécia e as Astúrias), e na anexação da actual Cantábria e do País Basco à Hispânia Citerior.



O imperador César Augusto regressaria à península ainda no mesmo ano, para consagrar a nova reorganização:



* Hispania Ulterior Baetica, com capital em Córdoba. Incluía um pouco menos da actual Andaluzia — a actual Almeria e as províncias de Granada e Jaén ficaram de fora — mais a zona a sul da actual cidade de Badajoz. O rio Anas, ou Annas (actual Guadiana, de Wadi-Anas) separavam a Hispânia Bética da Lusitânia;



* Hispania Ulterior Lusitania, cuja capital foi estabelecida em Emerita Augusta (actual Mérida), sendo excluídas a Galécia e as Astúrias;



* Hispania Citerior, com capital em Tarraco (actual Tarragona). Com o tempo, a província ganharia importância e seria conhecida por apenas Tarraconensis (Tarraconense); compreendia a Galécia (actual Galiza), norte de Portugal e Astúrias.



Enquanto que as províncias Tarraconense e Lusitânia eram províncias imperiais (o que pressupõe que o governador era directamente nomeado pelo Imperador) devido ao seu nível de instabilidade, a Bética, menos conflituosa, era uma província senatorial, sendo que o governador era nomeado pelo Senado.

Divisão provincial de Caracala=Já no século III, o imperador Marcus Aurelius Antoninus procedeu a nova reorganização, embora de duração efémera: nova divisão da Hispânia Citerior em duas partes, criando as novas províncias Provincia Hispania Nova Citerior e Asturiae-Calleciae. Encontra-se ainda por justificar esta estranha divisão de curta duração mas, em 238, a Hispânia Citerior (agora Tarraconense) foi novamente reunificada.



[editar] Divisão provincial de Diocleciano



Iniciando-se com a reforma da Tetrarquia de Diocleciano, em 298 d.C. a Tarraconense foi dividida em três províncias (Galécia, Tarraconense, e a Cartaginense). Hispaniae tornou-se no nome de uma das quatro dioceses — governadas por um vigário — da prefeitura pretoriana Galliae (das Gálias, incorporando também as províncias das Gálias, Germânia e Britânia), após a abolição da Tetrarquia imperial sob o Imperador Romano do Ocidente (em Roma e, mais tarde, em Ravenna). As dioceses compreendiam agora as cinco províncias peninsulares (Bética, Galécia e Lusitânia, cada uma com um governador Consularis; e a Cartaginense e Tarraconense, ambas sob um Praeses), as Insulae Baleares (também sob um Praeses) e também a Mauretânia Tingitana (anexando, portanto, o Norte de África, actual Marrocos; também sob um Praeses).



[editar] Organização política local



Na Hispânia, tal como no resto dos territórios da República Romana e posterior Império Romano, as cidades compartilhavam as mesmas formas de governo herdadas de Roma, que não eram senão uma cópia das próprias instituições da capital imperial. Inicialmente, nem todas as cidades gozaram do privilégio de tais instituições, se bem que Augusto e, posteriormente, Vespasiano, incrementaram sensivelmente este número, estendendo estas instituições às principais cidades da península.



Para adoptá-las, as cidades deviam previamente receber o estatuto de municípios, o que permitira que os seus cidadãos notáveis pudessem optar pela cidadania romana bastando, para isso, exercer alguma magistratura. Para alcançar o estatuto municipal, a cidade deveria preencher uma série de requisitos relativos ao nível de urbanização, como contar com adequados serviços públicos, devidamente adaptados aos costumes e estilo de vida romano. Essa responsabilidade cabia, sobretudo, aos notáveis da cidade, através da construção de obras públicas e outras actividades de bonificação social. Uma vez alcançado o estatuto, cabia aos governadores da cidade impulsionar e desenvolver a cidade através deste tipo de obras para conseguir mais privilégios sociais.



[editar] Magistraturas locais



A política local assentava sobre as magistraturas que, segmentadas em vários níveis e de vigência de um ano, eram as encarregadas do governo local. Assim, existiam os questores, encarregados da colecta de impostos (os locais estavam em contacto com os provinciais para a administração dos impostos), os ediles, encarregados da segurança pública e respectivas sanções, bem como da organização dos jogos e regulamentação dos mercados, e os duoviros (ou quattuorviros), que detinham o máximo poder executivo e se encarregavam de elaborar os censos, da designação de juizes, da administração das finanças e do cumprimento dos preceitos religiosos da cidade.



As magistraturas locais eram eleitas anualmente por sufrágio entre os cidadãos, sendo eleitos dois magistrados para cada uma delas em que um deles, em algumas ocasiões, dispunha do direito de veto sobre as decisões do seu colega.



Por outro lado, o acesso à magistratura encontrava-se limitado aos cidadãos cuja capacidade económica permitia suportar a «summa honoraria», um valor estipulado por lei que deveria ser investido na organização de jogos, bem como outras actividades municipais, como a organização de espectáculos lúdicos, ou a construção de templos e outros edifícios públicos. Graças a este sistema, resta actualmente uma rica epigrafia por toda a Hispânia, já que as famílias importantes faziam constar a sua contribuição no desenvolvimento das cidades. Também no aspecto económico estas actividades representaram um suporte fundamental, pois obrigaram à redistribuição das riquezas acumuladas por estas famílias.



Em alguns municípios, consoante a sua importância, podia existir, além das magistraturas convencionais, uma cúria, eleita a cada cinco anos e formada por cidadãos que anteriormente tivessem exercido alguma magistratura local. Estes cidadãos, ao entrar na cúria, passavam a designar-se decuriões.



É também de ressalvar a reforma efectuada por Vespasiano em 73 ou 74 d.C., promulgando por toda a Península o chamado «Édito de Latinidade», inserido na «Lex Flavia Minicipalis, uma reorganização geral das estruturas de governo locais em todo o Império, que outorgou às cidades as instituições do direito latino, numa possível tentativa de integrá-las numa rede de colecta de impostos mais eficiente. Este reforma teve maior repercussão no interior peninsular, já que romanização do sudeste já vinha sendo feita desde o período republicano.



[editar] Etimologia



O nome "Hispânia" é latino, cunhado pelos Romanos (Hispaniae), embora o território já fosse conhecido pelos Gregos como Ibéria. Consequentemente, a historiografia tem algum cuidado na utilização dos termos iber ou hispanus, já que a utilização de cada em referência aos povos ibéricos transporta consigo diferenças temporais e sociais. A literatura romana emprega sempre o nome "Hispânia", citado pela primeira vez pelo poeta Quinto Ennio, em 200 a.C., enquanto que a literatura grega emprega sempre o nome "Ibéria".



Sabe-se que os Fenícios e os Cartagineses se referiam à Península Ibérica pelo nome de Span ou Spania tendo como significado "oculto" (país escondido e remoto). Existe outra versão de que a origem do nome estará na terminação fenícia I-shphanim, que literalmente significa "de dassies" (shphanim é a forma plural de shaphán, utilizada para designar a família Hirax) que foi o vocábulo com que decidiram os Fenícios, à falta de nome melhor, denominar o coelho Oryctolagus cuniculus, por eles pouco conhecidos e que abundava no extremo da península. Outra versão desta teoria aponta para a derivação de Hi-shphanim, ou "ilha de coelhos". Por outro lado, os hiraxes não eram os únicos animais a despertar a atenção pela sua abundância: os Gregos chamaram à península Ophioússa, que significa "terra de serpentes", e só mais tarde alteraram o nome para "Ibéria" porque, segundo parece, iber era uma palavra muito utilizada pelos habitantes da península, que é um vocábulo geográfico, embora não se possa associar concretamente ao rio Ebro pois também era usado em regiões mais distantes, como a actual Andaluzia. Alguns linguístas colocam a hipótese de significar simplesmente "rio", embora na realidade não se possa ter a certeza.



Grande parte do conflito das Guerras Púnicas entre Cartago (Fenícios, portanto) e Roma teve lugar na Península Ibérica, com o triunfo dos Romanos. Durante a subsequente invasão, os Romanos mantiveram o nome usado pelos Cartagineses, Ispania, ao qual, mais tarde, adicionaram um H, tal como fizeram com "Hiberia". Da mesma forma como fizeram com a Gália (as Gálias), também se referiam à península por "Hispânias" (Hispaniae). Esta foi a primeira província romana a ser invadida, e a última a ser totalmente dominada, já sob César Augusto.



Os Romanos inicialmente dividiram as Hispânias em duas províncias (197 a.C.), regidas por dois pretores: a Citerior, a norte do Ebro, e a Ulterior, a sul. As longas guerras da conquista duraram dois séculos, e incluem-se historiograficamente no processo designado como Romanização. Com a conquista, cortou-se a evolução natural da civilização indígena, substituindo-a pela heleno-latina. Durante este processo, verificaram-se vários conflitos:



* As guerras de independência, em que os Iberos e outros povos foram gradualmente vencidos e dominados, apesar das resistências levadas a cabo em Numância e por Viriato, entre outros.

* A guerra dirigida por Sertório, pretor da Hispânia Citerior, de onde desafiou o poder de Roma, com algum êxito.

* A guerra civil entre Júlio César e Pompeu, que se desenrolou em grande parte no território ibérico.

* As campanhas de César e Augusto para submeter os Galaicos, os Astures e os Cantabros.



E, finalmente, no século I, consegue-se a Pax Augusta: a Hispânia é dividida em três províncias. É neste período que surgem dois escritores cuja obra é uma referência actual para os historiadores: o geógrafo Estrabão, e o historiador universal Trogo Pompeu. Ambos dedicam alguns capítulos nas suas obras à Hispânia:



Estrabão refere a Iberia no seu terceiro livro de Geographia:



«Alguns dizem que as designações de Iberia e Hispânia são sinónimas, que os Romanos designaram a região inteira [a península] indiferentemente com os nomes Iberia e Hispânia, e às suas partes lhes chamaram Ulterior e Citerior».



Trogo construiu a imagem dos seus habitantes:



«Os Hispanos [de Hispânia] têm o corpo preparado para a abstinência e fadiga, e ânimo para a morte: uma dura e áustera sobriedade para todos[1]. [...] Em tantos séculos de guerra com Roma, não tiveram nenhum outro capitão a não ser Viriato, um homem de tal virtude e continência que, depois de vencer os exércitos consulares durante 10 anos, nunca quis distinguir-se no seu modo de vida de qualquer soldade raso».



Outro historiador romano, Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.), escreve também sobre o carácter do homem hispânico, segundo a sua perspectiva:



«Ágil, belicoso, inquieto. A Hispânia é distinta da Itálica, mais disposta para a guerra por causa do agreste terreno e do génio dos homens».



Lucius Anneus Florus (entre os séculos I e II), um historiador amigo de Adriano, também teceu algumas considerações:



«A nação hispânica, ou a Hispânia Universa, não soube unir-se contra Roma. Defendida pelos Pirinéus e pelo mar, podia ter-se tornado inacessível. O seu povo foi sempre valoroso, mas muito mal hierarquizado» [i.e., apesar de cada tribo ou povoação dispor de um líder, não existia nenhuma forma de coordenação].



Valério Máximo referiu-se à fidelidade hispânica como «fides celtibérica». Segundo esta fides, o ibero consagrava a alma ao seu líder e não considerava correcto sobreviver-lhe em combate. Esta era a fidelidade ibérica, que se tornou conhecida durante a formação do Império Romano como devotio (já na Idade Média, esta fidelidade dos Celtiberos foi tida em conta, à qual designaram de Lealdade Hispânica).



Mais tarde, no século IV, surge outro escritor, um retórico gálico chamado Drepanius Pacatus, que dedica parte da sua obra a descrever a geografia, clima, habitantes, soldados e afins da Península Ibérica, mostrando em todo o texto grande admiração:



«Esta Hispânia produz duríssimos soldados, hábeis capitães, prolíficos oradores, iluminados artistas. É mãe de juízes e príncipes; Deu Trajano, Adriano e Teodósio ao Império».



Ainda durante este período, surge uma obra designada Expositio totius mundi em que se descreve a Hispânia como «Hispânia, uma longa e vasta terra, de abundantes homens sábios»[2]. Por esta altura, o nome Hispania era alternado com a nova forma Spania.



Paulo Orósio (390-418), um historiador discípulo de Santo Agostinho e autor de Historiae adversus paganus, a primeira obra cristã sobre História Universal, comenta, ao referir-se a uma qualquer atitude reprovável de um pretor:



«Para Orósio, Hispânia é uma terra com vida colectiva e com valores próprios»[3].



Com o tempo, começou-se a utilizar uma forma secundária, Spania, e daí se derivaria o nome actual, Espanha. Segundo São Isidoro, com a dominação visigótica passou-se a esboçar a ideia da unidade peninsular e, pela primeira vez, refere-se na madre España (mãe Espanha) — até à data, teria sido uso o termo Hispânia para designar todos os territórios da península. Na sua obra Historia Gothorum, Suintila surge como o primeiro rei de "totius Spaniae"; o prólogo desta obra é o conhecido De laude Spaniae (sobre o orgulho hispânico) e aí se trata a Hispânia como nação goda. O topónimo Hispânia passou a ser usado para designar o colectivo dos reinos medievais na península, com a posterior inclusão das Ilhas Baleares.



Com a invasão muçulmana, a utilização do nome Spania - ou Espanha (اسبانيا, Isbá-nía ) - foi totalmente desvirtuada. Curiosamente, os documentos da Alta Idade Média designam para Espanha todo o território exclusivamente dominado pelos muçulmanos. E é desta forma que Afonso I de Aragão, o Batalhador (1104-1134), que "reina em Pamplona, Aragão, Sobrarbe e Ribagorza", como se refere nos seus documentos, e que, em 1126 procede a uma expedição a Málaga dizendo que ia a "terras de Espanha".



Não obstante, a partir de finais do século XII, passou-se a designar, toda a península, incluindo quer as regiões muçulmanas, quer as regiões cristãs, com o nome Espanha. É assim que surge a expressão dos cinco reinos de Espanha: Granada (muçulmana), Leão e Castela, Navarra, Portugal e a Coroa de Aragão, e o condado de Barcelona (cristãos). O nome Espanha é ainda utilizado (erradamente, e especialmente fora da península Ibérica) para se referir à Península e não ao país.



[editar] Notas



1. ↑ MARTÍNEZ, José M. Blázquez, La exportación del aceite hispano en el Imperio romano: estado de la cuestión, Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes, consultado a Fevereiro de 2006



* ^ «[...] dura omnibus et adstricta parsimonia».

* ^ «Spania, terra lata et máxima, et dives viris doctis».

* ^ «Universae Hispaniae propter Romanorum perditiam causa maximi tumultus fuit».

Domínio visigótico



Ver artigo principal: Reino de Toledo.



A partir do século II a Roma começou a perder sua influência sobre a Hispânia. Como o conseqüência do enfraquecimento do Império Romano e a incapacidade de defender as fronteiras do território que lhe pertencia, tribos germânicas (alanos, suevos e vândalos conquistaram a península ibérica por volta do ano 410. Os suevos se estabeleceram na parte ocidental, aproximadamente onde atualmente é a Galiza e o norte de Portugal. Os vândalos inicialmente ocuparam a região oriental e sul da península.



Em 412 os visigodos fundaram um reino no sul da atual França, sediado em Toulouse. Aos poucos, o reino visigodo foi se expandindo ao sul e deslocando o dos vândalos, que no ano de 429 migraram para a África. A capital visigótica foi então movida para Toledo. Atribui-se que o apogeu do Reino Visigótico se deu durante o reinado de Leovigildo (572 - 586). Em 585 os visigodos capturaram o rei dos suevos.



Os visigodos eram os mais romanizados dos povos bárbaros. Eles mantiveram o sistema legal romano. O modo de produção era próximo do sistema feudal típico, e a religião predominante a católica. A cristologia classificada como heresia pela Igreja Católica denominada Arianismo propagou-se pelo reino, sendo combatida pelo rei católico Recaredo.

O controle do Islão=Os territórios árabes, junto com a fé islâmica, tinham se propagado velozmente. Em 711, os muçulmanos (árabes e berberes) já tinham o controle no norte da África. Ainda no mesmo ano, liderados por Tárique capturaram e mataram o rei visigodo Rodrigo na batalha de Guadalete.



Em 773, em virtude da derrota da dinastia omíada pelos abássidas, o emir Abderraman I torna o Emirado de Córdoba independente do de Damasco, da qual fazia parte. Após seu reinado, sobe ao poder Abderraman II. Em 929 Abderraman III criou o Califado de Córdoba.



[editar] Reconquista



Ver artigo principal: Reconquista.



Naturalmente o avanço dos mouros não se deu sem resistência. Os adeptos do Islão estenderam seus territórios até o sul da atual França, quando foram derrotados pelos francos, liderados por Carlos Martel, em 732.



Antes disso, porém, já havia esforços por parte de povos cristãos para expulsar os muçulmanos da Península Ibérica. A primeira vitória contra os mouros dentro da península foi empreendida por Dom Pelágio, o primeiro rei de Astúrias, na batalha de Covadonga (722). Desde então, e à medida que as vitórias cristãs se foram sucedendo, começaram a chegar vagas de cavaleiros europeus para ajudar os Reis Cristãos na sua senda pela reconquista da Península Ibérica, eram as primeiras Cruzadas. Como sinal do reconhecimento e mérito pela ajuda, os reis Cristãos davam aos cruzados porções de terra, títulos, e casamento com filhas de nobres locais, ou até mesmo do próprio rei, ficando com o dever de gerir o território, lutar contra os Mouros e prestar vassalagem ao Rei.



Isto veio fazer com que a Reconquista não fosse exactamente uma cooperação entre reis Cristãos contra os Mouros, pois na realidade, os reinos cristãos no norte da Península Ibérica guerrearam uns com os outros (na luta pelo poder, sucessões ao trono, ou até mesmo a indepêndencia. Muitos condados tentaram a indepêndencia, mas só o Condado Portucalense conseguiu, tornando-se mais tarde no Reino de Portugal) tanto quanto contra os muçulmanos. Os dois principais reinos cristãos eram: o Reino de Astúrias sediado em Oviedo; e Navarra. Com as derrotas dos omíadas foi criado o Reino de Leão em 913. Sancho III de Navarra pôs seu filho Fernando na liderança de Castela. Ele conseguiu unir Navarra, Galiza, Astúrias e Leão sob sua liderança. Com a morte de Fernando, o reino foi dividido entre os filhos Afonso, Sancho e Garcia. Garcia nunca chegou ao poder; Afonso foi exilado após tentar tomar o poder de Sancho. Após a morte de Sancho II, Afonso retornou ao trono de Castela.



Castela e Portuscale (Portugal) passaram a ser então os dois reinos a fazer frente aos Mouros, uma vez que Castela conseguia unir debaixo da mesma coroa Galiza, Astúrias, Navarra e Catalunha. Portuscale conseguiu mais eficazmente e rapidamente expulsar os Mouros, sendo que no século XIII, o rei Dom Afonso III (1248 - 1249) conseguiu expulsar definitivamente os Mouros do Algarve, terminando assim a reconquista portuguesa. A Partir daqui, Portugal foi afirmando a sua indepêndencia e identidade, até ao século XV, em que foram iniciados os Descobrimentos, com a exploração e conquista do norte de África. Castela já foi bem mais lenta na sua reconquista, sendo que a terminou por completo nos finais do século XIII.



Aos poucos as terras de domínio mouro foram se reduzindo até uma pequena porção em Granada. A Espanha foi unificada através dos reis católicos: Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão. Sob seu reinado, os mouros foram expulsos da Península Ibérica, o poder da nobreza foi reduzido e castelos de nobres foram destruídos. Os mouros e judeus foram obrigados ao batismo ou ao exílio, caso recusassem eram mortos.



[editar] A conquista da América



Ver artigo principal: Descobrimentos espanhóis.



Ainda no período dos reis católicos, a Espanha empreendeu uma política de financiamento de exploraçoes marítimas, rivalizando poder com Portugal. Entre elas, a viagem de Cristóvão Colombo tornou a América conhecida à Europa. A partir desse fato, a Espanha colonizou as terras do Novo Mundo e através de seus conquistadores, diversos povos indígenas foram reprimidos, como as civilizações Inca, Asteca e Maia.



Para evitar disputas com outras nações européias, a Espanha firmou com Portugal através do Papa Alexandre VI o Tratado de Tordesilhas, para definir os territórios do Novo Mundo que pertenceriam a cada país.



A Espanha trouxe do continente americano gigantescas porções de prata e ouro. Entretanto esse modo de exploração foi prejudicial ao país. Enquanto a economia era dependente das colônias na América, outras atividades como o comércio não foram desenvolvidas como em outros países, por exemplo a Inglaterra. Isso provocou a desvalorização da moeda espanhola e diversas crises econômicas.



[editar] Dinastia Habsburgo



Ver artigo principal: Casa de Habsburgo.



O Império Colonial Espanhol atingiu seu auge e declinou sob a dinastia dos Habsburgos. A Espanha obteve sua maior extensão sob Carlos I, também intitulado Imperador Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico.



Após a morte de Carlos I em 1556, o extenso reino se dividiu em duas porções: o Sacro Império de um lado; a Espanha e os Países Baixos de outra, sob o controle de Filipe II. Em 1580, com a morte de Dom Henrique, Filipe II unifica as coroas portuguesa e espanhola sob seu poder.



A grande extensão gerou conflitos internos. Em 1640 Portugal readquire sua independência. Em 1648 o rei Filipe IV reconhece a independência dos Países Baixos com o fim da Guerra dos Oitenta Anos. A o domínio de Filipe V, da dinastia Bourbon, que persiste até hoje.

Período Napoleônico



Ver artigo principal: Guerra Peninsular.



Filipe V foi sucedido por Fernando VI, Carlos III e Carlos IV. No governo desse último, as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram o território espanhol e puseram o irmão José Bonaparte no poder. A casa dos Bourbon foi restaurada em 1813 com a posse de Fernando VII. Nesse período de agitação interna, as colônias espanholas na América tiveram a oportunidade de lutar por sua independência. Até 1830, a Espanha tinha perdido a maioria de suas colônias no continente.



[editar] Governo de Fernando VII

Fernando VII

Fernando VII



Durante o período de 1814 a 1820, restabelece o governo absolutista dos antecessores Bourbons. Suas medidas foram de repressão aos liberais, que pretendiam a criação uma constituição. Uma revolta chefiada por Rafael de Riego obriga o rei a aceitar uma constituição. Esse período (o Triênio Liberal) dura de 1820 a 1823. Nesse ano o rei promoveu um golpe de Estado e restabeleceu o absolutismo.



[editar] Guerras Carlistas



A sucessora de Fernando VII após sua morte em 1833 foi sua filha Isabel II porém, o cunhado Carlos María Isidro, auto-intitulado Carlos V reivindicava o trono. Parte do exército espanhol, liderado por Tomás de Zumalacárregui iniciou a primeira Guerra Carlista, que durou sete anos. Carlos V é sucedido pelo seu filho Carlos Luís de Bourbon (Carlos VI) que inicia a Segunda Guerra Carlista entre 1847 e 1860. A seqüencia do poder não-efetivo dos carlistas continuou com João III e Carlos VII.



[editar] Governo Amadeu I da dinastia de Sabóia



Em 1868, Isabel II foi destronada e foi proclamada uma monarquia constitucional. Foi posto como regente o general Serrano e, em 1870 empossaram Amadeu I da casa de Sabóia o novo rei. Envolvido com a Terceira Guerra Carlista, iniciada em 1872 e pela insatisfação popular, Amadeu I renunciou em 11 de fevereiro de 1873.



[editar] Primeira República



Com a renúncia da Amadeu I, a população de Madri e deputados republicanos fundaram a Primeira República Espanhola. São formadas duas correntes principais: os unitários, que preferem um estado de controle centralizado, e os federais, que propõem uma menor centralização do poder em favor de regiões administrativas menores.



O primeiro presidente foi Estanislao Figueiras (unitário). Em junho do mesmo ano, a assembléia constituinte empossa Francisco Pi i Margall (federal). Rebeliões separatistas por todo o país induzem a renúncia de Francisco Margall, que é sucedido por Nicolás Salmerón (federal), que ordena ao exército sufocar as revoltas.



Nicolás também se demite, sendo nomeado presidente Emilio Castelar (unitário), apoiado pelos monarquistas e contra os federais e carlistas. Por não ter maioria no parlamento, o simpatizante do monarquismo, o general Manuel Campos y Pavía efetuou um golpe de estado. O general Francisco Serrano assume a presidência, e após seu mandato a monarquia é restituída, assumindo Afonso XII, filho de Isabel II.



[editar] Período de Afonso XIII



No governo de Afonso XIII, filho de Afonso XII, a Espanha passou por dificuldades políticas como o desastre de 1898 (quando perdeu diversas colônias) e o desastre de Annual de 1921 quando perdeu numa importante batalha contra Marrocos. Com o apoio do próprio rei, foi instalada a ditadura de Miguel Primo de Rivera durante 1923 e 1930.



[editar] Segunda República Espanhola



Com a renúncia de Primo de Rivera, assumiu como chefe de governo Dámaso Berenguer. Pressionado pelos republicanos, Berenguer renuncia e é instalada a Segunda República Espanhola. Afonso XIII saiu do país.



Conflitos entre as forças esquerdistas (que governaram de 1931 a 1933 e de centro-direita (1933 a 1935) culminaram com a guerra civil.



Um ponto importante nesses conflitos foi o golpe de estado esquerdista de 1934 contra a entrada no governo da CEDA partido de direita que tinha ganhado legitimamente as eleições.



[editar] Guerra Civil Espanhola (1936-1939)



Ver artigo principal: Guerra Civil Espanhola.



A Guerra Civil Espanhola foi um conflito entre os republicanos, metade dos quais queriam manter o regime democrático iniciado em 1931 e a outra metade queria uma revolução que na prática levava a uma ditadura, e os nacionalistas que tinham feito um golpe de Estado preventivo anti-revolucionario em 1936, e implantado uma ditadura, chefiada por Francisco Franco.



Desde o golpe de estado de 18 de julho a republica tinha na prática se acabado mesmo na zona leal onde o golpe não venceu imediatamente sendo sucedida nessa zona primeiro por diversas ditaduras de partidos e pelo caos anarquista e depois por uma na prática ditadura comunista. Houve 70 mil assassinados na zona republicana e 55 mil assassinados na zona nacionalista.



Essa guerra é freqüentemente considerada uma “prévia” da Segunda Guerra Mundial, pela participação de potências como a Alemanha nazista, a Itália de um lado e a União Soviética do outro. Outros países democráticos da Europa permaneceram indiferentes às manobras políticas de Hitler.



[editar] Governo Franco



Francisco Franco se tornou ditador no início da guerra civil e dela saiu vencedor. Seu governo foi tipicamente autoritário e de partido único. Apesar das semelhanças com a ideologia fascista, a Espanha permanceu neutra durante a Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, no período da Guerra Fria, o país se aliou ao bloco capitalista.



Durante a década de 1960, a Espanha passou por uma fase de crescimento econômico, propiciado pela expansão do turismo e pela entrada de divisas de emigrantes. Surgiram grupos terroristas como o ETA e o FRAP, e a repressão veio inclusive sob a forma de pena de morte.



Em 1969 Juan Carlos I de Bourbon foi nomeado rei. Ainda com a monarquia estabelecida, Franco continuou como chefe de governo até 1975, ano da sua morte.



[editar] Transição para a democracia (1975-1982)



O rei Juan Carlos teve importante participação na transição democrática espanhola. Entre as medidas relevantes do presidente nomeado pelo rei Adolfo Suárez estão:



* Um plebiscito no qual o povo espanhol aprovou o sistema de democracia parlamentarista;

* A convocação de uma eleição para definir os representanrtes que participariam da construção de uma nova constituição (concluída em 1978).



Na primeira eleição democrática pós-Franco, o partido de direita UCD atingiu a maioria dos votos. Contudo esse partido não tinha unidade. Suárez foi substituído por Calvo Sotelo, que dissolveu o parlamento e marcou novas eleições para 1982. O resultado das eleições foi uma grave derrota do UCD e a vitória do PSOE, um partido de centro-esquerda.



[editar] Atualidade



Já no período democrático, Espanha tenta superar problemas internos como o terrorismo praticado pelo grupo separatista ETA. Enquanto isso, a nação passa por uma fase de prosperidade econômica.



[editar] Fatos importantes no período democrático



* 1986 - Ingresso na Comunidade Econômica Européia.

* 1992 - Jogos Olímpicos de Barcelona.

* 1993 - Vitória do PSOE nas eleições gerais.

* 1996 - Eleições gerais: maioria relativa do Partido Popular (PP) liderado por José María Aznar.

* 2000 - Eleições gerais: maioria absoluta do PP. José María Aznar continua à frente do governo.

* 2004 - Em 11 de março, três dias antes das eleições gerais espanholas, ocorre uma serie de atentados em Madri que mata pelo menos 190 pessoas.



* Em 14 de março ganha as eleições o PSOE, e José Luis Rodríguez Zapatero se torna presidente e María Teresa Fernández de la Vega se torna a primeira Vice-presidente do governo espanhol.

* Em 22 de maio o Príncipe Filipe se casa com a jornalista, Letizia Ortiz Rocasolano.
Prof. B
2007-04-30 02:53:26 UTC
Com respeito, pergunte-lhe: queria? Não quer mais? Queria está no passado. O Verbo certo é quero. Se você ainda quiser, devo-lhe dizer que para conhecer a Espanha, o melhor mesmo é ir até lá e vale a pena. É um país maravilhoso, de turismo intenso, de primeiro mundo e ótimo para trabalhar.

Mas, há outras maneiras de conhecer a Espanha, pesquisando, indo ao consulado de sua cidade ou embaixada e pedindo todo o material necessário para estudar aquele povo.

Quando fui à Índia, por um ano pesquisei sobre o páis, seus hábitos e costumes e quando lá cheguei parecia que já havia estado lá por diversas vezes. Aproveitei e passei pela Espanha. Vale mesmo a pena e hoje está muito acessível.

Outra idéia: coloque a palavra Espanha no Google e encontrará 21.500.000 sites ou no Yahoo, onde estarão à sua disposição 7.820.000 sites.

Conte comigo,

Prof. Beserra

www.professorbeserra.com.br
2007-04-26 11:54:10 UTC
A Espanha (em castelhano España) é um estado da Europa localizado na Península Ibérica. Faz fronteira a norte com o Mar Cantábrico, com França e Andorra, a leste e a sul com o Mar Mediterrâneo, a sul com o território britânico de Gibraltar a oeste com Portugal e a sul e oeste com o Oceano Atlântico. Além da porção ibérica, a Espanha possui também os arquipélagos das Baleares no Mediterrâneo e das Canárias no Atlântico e as cidades de Ceuta e Melilla (além de várias ilhotas e rochedos junto à costa africana), e o enclave de Llívia, rodeado por França.



O país está dividido em comunidades autónomas. Algumas destas comunidades, como a Andaluzia, Galiza (Galicia ou Galiza), o País Basco (País Vasco ou Euskadi) e a Catalunha (Catalunya em catalão e Cataluña em castelhano), têm identidade nacional e línguas próprias.



Desde a sua adesão à União Europeia em 1986, a Espanha tornou-se um país altamente industrializado e uma das 10 maiores economias mundiais.

A Espanha é uma monarquia constitucional hereditária desde 1975 quando S.M. o Rei Juan Carlos I assumiu a Chefia do Estado. O poder executivo é assegurado por um conselho de ministros, em que o Presidente do Governo (presidente del gobierno) (comparado a primeiro-ministro) é nomeado pelo monarca (Rey), depois de eleito pela Assembleia Nacional, na sequência de eleições legislativas.



O poder legislativo é assegurado pelo parlamento - bicameral, a Corte ou Asamblea Nacional composta pelo Congresso de Deputados (Congreso de los Diputados) com 350 membros, eleitos pelo voto popular com mandato de 4 anos e o Senado com 259 membros, dos quais 208 são directamente eleitos pelo povo e 51 indicados pelos legisladores regionais, com um mandato também de 4 anos

Desde a Constituição de 1978 que a Espanha está dividida em 17 Comunidades Autónomas e as duas cidades autónomas de Ceuta e Melilla, gozando estas de estatuto intermediário entre o município e a Comunidade. Das 17 comunidades autónomas, 4 delas (Galiza, País Basco, Andaluzia e Catalunha) gozam da condição de "nacionalidade histórica" reconhecida na constituição, juntamente com um "Estatuto de autonomia", o que reverte num maior poder e capacidade de decisão e soberania com respeito às outras comunidades.



A Espanha ocupa a maior parte da península Ibérica. Limita-se ao norte com o golfo de Biscaia, a nordeste com a França e Andorra, a leste e a sul com o mar Mediterrâneo, a oeste com Portugal e o oceano Atlântico. Mais da metade do país é constituída de planaltos, chamada Meseta Central, onde está situada Castela e La Mancha (de onde é Dom Quixote) - possui altura média de 600 m, onde se destaca a Cordilheira Central. O clima é continental no interior, mediterrânico na costa leste, sul, ilhas Baleares, Ceuta e Melilla, e oceânico no norte. Os principais rios são: Tejo (Tajo), Ebro, Douro (Duero), Guadiana, Guadalquivir e Minho (Miño).



Agricultura: beterraba 1,2 milhões de toneladas - cevada 7,5 milhões - trigo 4,3 milhões - batata 4 milhões - uvas 3,1 milhões - tomates 3 milhões Pecuária: ovinos 23 milhões - suínos 18 milhões - bovinos 5 milhões



Indústria: automobilística - construcão naval - química - siderúrgica - têxtil - calçado - alimentar

Espanha é a oitava maior economia do mundo e também a quinta economia da Europa com um PIB de 1.100.134 trilhões. A Espanha também é um dos principais países exportadores de automóveis. Contam-se o calçado, construção naval, siderúrgica, as indústrias químicas e o têxtil. O cultivo é de 54%. Os principais produtos agrícolas são as uvas e as toranjas; a produção de vinho e de azeite têm muita importância, assim como a pesca, dizendo a Espanha que possui a maior frota pesqueira do mundo, e a indústria do turismo que tem uma responsabilidade considerável na economia espanhola.

79,4% da população espanhola se declara católica, enquanto 17% se declara sem religião e 2,3% declaram ser de outras religiões (muçulmanos, ortodoxos, protestantes, judeus e etc.), segundo uma pesquisa oficial de 2005. É importante realçar que muito espanhóis se declaram católicos mesmo não sendo praticantes: 49% dos espanhóis questionados dizem não ir à missa e outros eventos religiosos quase nunca, enquanto que 21,1% dizem ir quase todos os domingos à missa e ir várias vezes por semana à festivais religiosos.


Este conteúdo foi postado originalmente no Y! Answers, um site de perguntas e respostas que foi encerrado em 2021.
Loading...